tag:blogger.com,1999:blog-35523293.post5308799075015998481..comments2023-05-30T13:34:11.993+01:00Comments on aparências do real: As erradas concepções marxistas, agora em jeito mais coloquialJOSÉ MANUEL CORREIAhttp://www.blogger.com/profile/02280120851209596215noreply@blogger.comBlogger7125tag:blogger.com,1999:blog-35523293.post-28525151467793348702007-11-01T23:39:00.000+00:002007-11-01T23:39:00.000+00:00Nelson Anjos.Agradeço o seu comentário e as dúvida...Nelson Anjos.<BR/><BR/>Agradeço o seu comentário e as dúvidas e as perplexidades que nele aponta, que são mais comuns do que lhe possam parecer. Tentarei desfazê-las, ainda que através duma resposta longa.<BR/><BR/>1-Origem do lucro.<BR/><BR/>Para que o lucro se origine basta que o trabalho vivo seja comprado abaixo do seu valor (quando usado sem qualificativo, o termo valor refere-se ao valor do custo de produção), isto é, que o seu valor de troca seja inferior ao seu valor do custo de produção. Se o trabalho fosse comprado pelo seu valor, se o valor de troca e o valor de custo do trabalho fossem idênticos, não haveria lugar a lucro. É, pois, na troca de uma determinada quantidade de trabalho vivo por uma menor quantidade de trabalho passado que é originado o lucro ou valor apropriado. O lucro tem origem na relação social entre capitalistas e trabalhadores assalariados, através da troca das mercadorias de que são possuidores, no caso, através da compra e venda do trabalho e dos seus produtos.<BR/><BR/>A concepção do Marx de que o lucro seria originado na produção resulta da aceitação da premissa de que a troca das mercadorias era uma troca equitativa. Sendo aceite como plausível esta premissa, as mercadorias seriam trocadas pelos seus valores e da sua troca não resultava qualquer lucro. Desde modo, o lucro só poderia ser originado na produção das mercadorias. Constituindo os factores produtivos mercadorias tendo o seu próprio valor, o produto resultante não poderia ter valor superior ao somatório dos valores das mercadorias que lhe deram origem. Também assim, a origem do lucro ficava por desvendar. Para ultrapassar este impasse, o Marx identificou a força de trabalho como sendo a mercadoria vendida pelo trabalhador assalariado e atribuiu-lhe a faculdade mágica de fornecer mais valor do que o seu próprio valor. Esse valor a mais constituía o lucro, que deste modo aparecia como sendo originado na produção. Com esta explicação, a ocorrência do lucro era apresentada como coisa natural, e a sua apropriação pelo capitalista estava plenamente legitimada, simples consequência de ter comprado a força de trabalho, a mercadoria mágica que tinha a faculdade de proporcionar mais valor do que o seu próprio valor.<BR/><BR/>A premissa da troca equitativa fazia também corresponder o valor das mercadorias ao seu valor de troca. Se as mercadorias eram vendidas pelos seus valores, os seus valores de troca coincidiam com os seus valores do custo. Daí que na obra do Marx o valor seja apresentado como expresso pelo valor de troca. A grande variabilidade dos salários das diferentes profissões, ou da mesma profissão em diferentes regiões ou em diferentes épocas, porém, parecia contrariar o princípio de que o valor de troca da força de trabalho — o salário — fosse expressão do valor do custo da sua produção, visto não ser plausível que a mesma quantidade de força de trabalho ou de energia humana, pudesse ter custos de produção tão variados. Do mesmo modo, aquele princípio parecia contrariar o desenvolvimento desigual que se observava entre o modo de produção tributário e o modo de produção capitalista ou entre as diversas formações económico-sociais capitalistas. O Marx explicava a variação do valor da força de trabalho pela acção de factores históricos na formação dos trabalhadores assalariados, pela acção das culturas locais, ou, até, pela luta reivindicativa dos trabalhadores. Apesar de muito diversificados, porém, aqueles factores não intervêm no processo fisiológico da produção da força de trabalho, e, por isso, não podem determinar o valor do custo que dele resulta.<BR/><BR/>Facilmente se comprova que as premissas de que o Marx partiu — a troca equitativa e a capacidade da força de trabalho para fornecer mais valor do que o seu próprio valor — não se mostram plausíveis. A grande variação salarial, por exemplo, mostra que a força de trabalho produtora de diversos tipos de trabalho não é trocada pelo valor do custo da sua produção; e, por outro lado, nenhum factor produtivo, seja qual for, fornece mais valor do que aquele que possuía como mercadoria, porque nada fornece mais do que contém, seja do que for que contenha. Deste modo, como a realidade não permite comprovar que as mercadorias sejam trocadas pelos seus valores, nem que no processo produtivo a força de trabalho crie mais valor do que aquele com que nele entrou, e, pelo contrário, permite refutar a sua veracidade, a explicação marxista para a origem do lucro na produção revela-se falsa. Para a refutação, como se vê, basta a demonstração da falsidade das premissas, mesmo sem necessidade de refutar outras falsidades da concepção marxista, como a que identifica a força de trabalho como sendo a mercadoria vendida pelo trabalhador assalariado e a que apresenta o valor como sendo criado pelo trabalho.<BR/><BR/>Na produção das mercadorias é originado o valor, não o lucro. É aí que o trabalho é produzido e nasce como coisa com custo de produção; depois, através do seu consumo, o seu valor é transferido para as coisas que são objecto da sua acção. Os objectos do trabalho não adquirem outro valor que não o do trabalho que os transforma. A marca da sua acção, fazendo com que os objectos de trabalho adquiram novas utilidades, é a forma através da qual o trabalho vivo lhes transmite o seu valor. O trabalho vivo tampouco cria o valor; o valor é criado pela energia humana ao produzir o trabalho humano; este, por sua vez, enquanto é produzido, transfere o seu valor para os objectos da sua acção. No processo produtivo, através da produção do trabalho e dos seus produtos, é criado o valor das mercadorias; e não é criado outro valor que não seja o valor do próprio trabalho, passado ou presente, que nele participa. Se na troca do trabalho presente ou vivo por trabalho passado ou morto o trabalhador receber a mesma quantidade de trabalho que forneceu não há lugar à existência de lucro. O lucro é originado na relação social de troca desigual estabelecida entre o capitalista e o trabalhador assalariado, através da troca de uma quantidade de trabalho por outra quantidade menor.<BR/><BR/>2-O valor dos meios de subsistência como criador do valor da força de trabalho.<BR/><BR/>Esta é também uma concepção falsa do Marx. Não é possível identificar a substância da força de trabalho, da energia humana, e, por isso, não é possível medir e determinar o valor do custo da sua produção. Em conformidade com a premissa de que as mercadorias eram trocadas pelos seus valores, o Marx atribuiu-lhe como seu valor o valor pelo qual ela era trocada; nada, a não ser a aceitação daquele princípio, permitia comprovar que o seu valor de troca correspondesse ao valor do custo da sua produção. De qualquer modo, admitindo a força de trabalho como sendo a mercadoria vendida pelo trabalhador, e admitindo também como seu valor o valor pelo qual era trocada, o valor das mercadorias teria de ser constituído pelo valor da força de trabalho, passada e presente, consumida na sua produção. Com base na premissa da troca equitativa, a explicação da origem do lucro continuaria a não ser possível. Daí a necessidade de invocar características especiais para a mercadoria força de trabalho e de atribuir a criação do valor ao trabalho. <BR/><BR/>Na concepção marxista, o trabalho é definido como sendo a substância criadora do valor. Para ter valor, a força de trabalho teria de ser, obrigatoriamente, um produto do trabalho. Paradoxalmente, o trabalho vivo, a substância criadora do valor, não entra na produção da força de trabalho; em coerência argumentativa, a força de trabalho não poderia possuir qualquer valor, ou, para tê-lo, o trabalho vivo não poderia ser a substância criadora do valor. O Marx, contudo, atribuiu valor à força de trabalho; não o fazer constituiria um absurdo, uma vez que ela não era vendida graciosamente. Em contradição com a premissa de que o valor das mercadorias seria criado pelo trabalho vivo, o valor atribuído à força de trabalho correspondia ao trabalho passado ou morto contido nas mercadorias compradas pelo salário. Esta contradição lógica, porém, mostrava-se necessária para a formulação da sua concepção da origem do lucro na esfera da produção.<BR/><BR/>Para além de ter o seu valor criado pelo trabalho passado ou morto, já que o trabalho vivo não participava na sua produção, ao contrário do que acontecia com as restantes mercadorias, a força de trabalho ainda tinha a faculdade de fornecer maior quantidade de trabalho do que aquela que fora necessária para a sua produção. A realidade mostrava, de facto, que o trabalho vivo não participava na produção da força de trabalho e que o valor que lhe era atribuído constituía um valor menor do que o fornecido pelo trabalhador ou criado pelo trabalho produzido pela força de trabalho. A realidade não mostrava, porém, que o valor de troca da força de trabalho constituísse o valor do custo da sua produção. Admitir que o valor de troca da força de trabalho correspondia ao valor do custo da sua produção decorria apenas da premissa não plausível de que as mercadorias eram trocadas pelos seus valores. Não ter o seu valor criado pelo trabalho vivo, mas apenas pelo trabalho passado, e ter a faculdade de fornecer mais valor do que aquele que continha são, portanto, as características que fazem da força de trabalho uma mercadoria especial no reino das mercadorias. A primeira das características contradiz a premissa de que o trabalho vivo é o criador do valor; a segunda contradiz o princípio físico de que nada fornece mais do que contém, seja do que for que contenha.<BR/><BR/>Impõe-se questionar se uma mercadoria tão especial, dotada de propriedades tão paradoxais, será sequer uma mercadoria real. Quando se confronta a força de trabalho com as características definidas para as mercadorias — produtos úteis, produzidos para serem trocados, sendo para esse efeito fornecidos para o consumo de outros — verifica-se que ela não reúne tais condições. A força de trabalho, a energia humana ou capacidade de produzir trabalho humano, não pode ser desligada da pessoa que a produz, o trabalhador assalariado, e, por esse facto, não pode ser fornecida a outros, para eles, consumindo-a, produzirem trabalho humano. Embora a mercadoria vendida seja identificada com a força de trabalho, a impossibilidade de a fornecer faz com que o produto fornecido não seja a própria mercadoria vendida, mas um produto produzido com ela pelo trabalhador: o seu trabalho. Se o trabalhador fornece como produto o trabalho por si produzido com a sua força de trabalho, é ele, e não a força de trabalho, que o trabalhador vende. Deste modo, é falsa a identificação marxista da força de trabalho como sendo a mercadoria vendida pelo trabalhador assalariado. <BR/><BR/>Se o trabalho é o produto fornecido pelo trabalhador, é ele a mercadoria que este vende; e se o trabalho é um produto da força de trabalho, da energia humana, é esta a substância de que ele é constituído. Deste modo, todas as mercadorias podem ser reduzidas à mercadoria trabalho, que assim constitui a mercadoria universal, e o seu valor corresponderá ao valor do trabalho. O valor do trabalho será determinado pela quantidade da substância de que é constituído, a energia humana. Se homogeneizarmos os diferentes tipos de trabalho, reduzindo-os a um trabalho geral e abstracto que para a sua produção exija a mesma quantidade de energia, a unidade de medida do valor do trabalho pode também ser reduzida ao factor que diferencia o seu valor: o tempo da sua produção. Esta concepção, que constitui uma inversão da concepção marxista, elimina as contradições lógicas e a falsidade das premissas em que aquela se baseava. Abandonando a premissa da troca equitativa, originária da economia política clássica e aceite como plausível pelo Marx, cuja falsidade foi já também demonstrada, é possível com esta nova concepção formular explicação plausível para a origem do lucro: ele é originado na troca desigual entre o capitalista e o trabalhador assalariado, através da venda do trabalho vivo abaixo do seu valor.<BR/><BR/>A concepção do Marx identificando a força de trabalho como sendo a mercadoria vendida pelo trabalhador, atribuindo o valor do custo de produção da força de trabalho ao seu valor de troca, identificando o trabalho vivo como sendo a substância criadora do valor e explicando a origem do lucro pela faculdade mágica da força de trabalho para fornecer mais valor do que o seu próprio valor, portanto, não tem qualquer consistência. Assim como também não tem qualquer consistência a qualificação da troca das mercadorias como troca equitativa, feita pelos economistas clássicos e aceite pelo Marx. Na tentativa de ultrapassar as dificuldades com que o Ricardo se defrontara, o Marx arranjou uma explicação para a origem do lucro baseada em argumentação inválida, porque ferida de contradições lógicas, e em conclusões falsas, porque assente em premissas não plausíveis. A sua concepção da origem do lucro não tem qualquer credibilidade. Só admira que ainda hoje continue sendo aceite pelos marxistas como válida.<BR/><BR/>Apesar da falsidade da concepção marxista, persiste no senso comum a ideia de que a força de trabalho, a energia humana, é produzida pelas mercadorias compradas pelo salário, e que teria como valor o valor dos meios de subsistência. A energia humana, contudo, é produzida pela utilidade daquelas mercadorias, ou pela utilidade da parte que constitui os meios de subsistência, e pela utilidade do corpo humano para transformar as substâncias energéticas que elas contêm em energia humana. A energia humana, portanto, é produto da utilidade dos meios de subsistência e do corpo humano vivo. Apesar dos meios de subsistência terem valor, o valor do trabalho consumido na sua produção, não sabemos como atribuir valor ao corpo humano vivo, o outro factor produtivo cuja utilidade é indispensável para transformar a energia contida nos meios de subsistência em energia humana; deste modo, não é possível atribuir valor à energia humana, porque o seu valor é indeterminado. Poderíamos atribuir ao corpo humano, ou à própria energia humana, valor de troca, legitimando-o como renda pela cedência do seu produto; mas do que estamos tratando é do valor do custo de produção das mercadorias, não do seu valor de troca nem de um hipotético valor que se pudesse (se se pudesse) atribuir à substância de que são constituídas as mercadorias.<BR/><BR/>A energia humana é um produto da utilidade dos meios de subsistência e do corpo humano vivo; e aquelas utilidades produzem maior quantidade de energia humana do que o trabalhador utiliza para produzir o trabalho que vende. Pudera que assim não fosse; o homem seria então reduzido a mera máquina de produzir o trabalho que venderia. A energia humana é a essência da vida, produz trabalho para dar e vender, e ainda muitas outras actividades humanas. A energia humana produzida pela utilidade dos meios de subsistência e do corpo humano é muito maior do que a necessária para produzir o trabalho que o trabalhador assalariado vende; e é precisamente por esse facto determinante que a troca desigual é possível. Se a produtividade do trabalho humano não permitisse produzir mais do que o necessário para a sua produção nenhum excedente haveria para poupar ou para ser apropriado por outros. <BR/><BR/>A utilidade, porém, é a capacidade dos produtos para responderem a necessidades humanas, e o que, por esse facto, lhes confere aptidão para a troca, para serem transformados em mercadorias. Os produtos são trocados pela sua utilidade, mas pela utilidade que têm para outros; se eles fossem úteis para o seu produtor ele não se desfazia deles. E para cada produtor aceder à utilidade dos produtos alheios fornece o que para si constituiu o custo do produto que cede. A utilidade é diversa para os diversos produtores e é sempre a utilidade do produto alheio; o que é comum a todos eles é o custo da produção dos seus produtos. A utilidade não é grandeza objectiva, cujo valor se mantenha inalterado independentemente da necessidade do consumidor ou de outros factores. O valor da utilidade é variável em função de muitos factores, e essa variabilidade está também reflectida na variabilidade do valor de troca ou preço das mercadorias. Estas características da utilidade não permitem garantir que a troca das utilidades dos produtos seja feita com base no custo da sua produção. O custo da produção, como grandeza objectiva, é que permite determinar o que cada um fornece de seu para aceder à utilidade do produto alheio. Essa troca de custos de produção pode ser equitativa ou não.<BR/> <BR/>Na determinação do valor do custo de produção das mercadorias não se pode misturar o custo de produção com a utilidade; o valor do custo não pode ser determinado pelo valor da utilidade; a utilidade produz utilidade, não produz custo de produção. A concepção do Marx, porém, misturava o valor do custo com a utilidade. O valor do custo de produção das mercadorias era criado pelo trabalho; não pelo valor do trabalho (ou da força de trabalho, já que na concepção marxista o trabalho não tinha valor, embora fosse medível e quantificado…), mas pela utilidade da mercadoria força de trabalho, tal era nela a qualificação atribuída ao trabalho. O valor do custo de produção de uma qualquer mercadoria é apenas determinado pelo valor do custo de produção do trabalho de diversas utilidades que tenha sido consumido na sua produção, visto a produção das restantes mercadorias e do trabalho que as origina ser concomitante e o trabalho constituir a mercadoria universal.<BR/><BR/>Na minha concepção da origem do lucro não existe qualquer contradição ou qualquer tendência para a desvalorização contínua do trabalho, como lhe parece. O valor do trabalho permanece inalterado; dez horas de trabalho continuam sendo dez horas de trabalho, hoje ou noutra altura qualquer, aqui ou em qualquer lugar. O valor do trabalho não é função do valor das mercadorias compradas pelo salário; é apenas função da energia humana consumida para o produzir. As variações do salário, as variações do valor de troca do trabalho, apenas reflectem a variação da troca desigual; quanto menor o salário, ou, melhor, quanto menor o valor das mercadorias compradas pelo salário, em troca do mesmo tempo de trabalho fornecido pelo trabalhador, quanto maior a taxa de exploração ou do valor apropriado. Devido ao facto dos preços das restantes mercadorias não descerem concomitantemente com a subida da produtividade, os ganhos de produtividade (ou a inflação dos preços) reduzem o valor do salário (o que o Marx designava por mais-valia relativa), até que a concorrência faça baixar os preços ou que a luta reivindicativa dos trabalhadores faça subir os salários. A luta económica, reflectida na variação dos preços e dos salários, não altera o valor do trabalho; altera apenas os termos da troca desigual.<BR/><BR/>Espero tê-lo elucidado. Tentei, nesta versão, tornar a exposição menos confusa. De qualquer modo, caso persistam as dúvidas ou tenham surgido outras, esteja à vontade para colocá-las. <BR/><BR/>Disponha sempre. Cumprimentos.<BR/><BR/>JMC.JOSÉ MANUEL CORREIAhttps://www.blogger.com/profile/02280120851209596215noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-35523293.post-1107082919988885642007-10-29T07:54:00.000+00:002007-10-29T07:54:00.000+00:00Bom dia JMCCá estou eu novamente a accionar a tec...Bom dia JMC<BR/><BR/>Cá estou eu novamente a accionar a tecla do help. <BR/><BR/>Reporto-me ao texto “O Trabalho, o valor e a mais-valia no modo de produção capitalista (I) de 10/19/2006. <BR/><BR/>1 – Na parte (4) do texto pode ler-se: “ ... existe uma condição essencial para que o lucro se origine: basta, para tanto, que o trabalho seja comprado abaixo do seu valor, isto é, que o seu valor de troca seja inferior ao valor do seu custo de produção”. <BR/><BR/>Esta afirmação parece-me ter duas consequências: a primeira e mais evidente é que, afinal, ao contrário do que foi tentado demonstrar-se antes, o lucro se origina na produção e não na troca do produto.<BR/><BR/>No que respeita a segunda, e exemplificando com um processo cíclico de produção/retribuição salarial mensal, significa dizer que, em cada mês eu recebo como salário um valor inferior ao custo de produção do trabalho que forneci. O que terá como consequência que, com esse salário, no mês seguinte eu poderei produzir apenas uma quantidade de trabalho de valor inferior ao do mês anterior. E assim sucessivamente. Utilizando um modelo da física estaríamos perante uma vibração amortecida, até à sua completa extinção. Se o trabalhador em cada mês recebe um salário inferior ao custo de produção do seu trabalho, isto significa que o trabalho que conseguirá produzir no mês seguinte será necessariamente inferior ao que produziu no mês anterior. E assim sucessivamente até à impossibilidade de poder produzir qualquer trabalho. Por mais elástica que seja a possibilidade de comprimir em cada mês o custo de produção do meu trabalho.<BR/><BR/>Admito que deve haver aqui algum pormenor que eu não estou a ver com clareza.<BR/><BR/>Cumprimentos<BR/>nelsonAnonymousnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-35523293.post-36663571716150526422007-10-23T06:31:00.000+01:002007-10-23T06:31:00.000+01:00Por agora fiquei esclarecido. Obrigado JMC.Um bom ...Por agora fiquei esclarecido. Obrigado JMC.<BR/><BR/>Um bom dia de trabalho.<BR/><BR/>nelsonAnonymousnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-35523293.post-58147834488521530102007-10-22T19:09:00.000+01:002007-10-22T19:09:00.000+01:00Nelson Anjos.Agradeço as questões que levanta no s...Nelson Anjos.<BR/><BR/>Agradeço as questões que levanta no seu comentário. Tentarei esclarecê-lo.<BR/><BR/>Em termos gerais, a energia é a capacidade para produzir trabalho. Neste sentido, o trabalho é um produto da energia; como tal, é energia sob outra forma, que, por seu lado, também pode ser transformado noutras formas de energia, e assim sucessivamente.<BR/><BR/>A afirmação de que a “distinção entre a capacidade para produzir trabalho — a força de trabalho — e o trabalho não reflecte a realidade empírica” deve ser lida no contexto em que foi proferida. Marx fez essa distinção para identificar uma outra mercadoria vendida pelo trabalhador que não o trabalho. É essa distinção para identificação de outra mercadoria que não reflecte a realidade empírica, porque uma tal mercadoria não existe. A capacidade humana para produzir trabalho humano existe, de facto; não existe é sob a forma de mercadoria: produto que é fornecido a outrem. Já o trabalho humano reúne as características das mercadorias, pode ser fornecido a outrem.<BR/><BR/>A distinção feita pelo Marx resultou da necessidade de encontrar uma mercadoria à qual pudesse atribuir a capacidade de fornecer mais valor do que o seu próprio valor, e assim ultrapassar a contradição em que o Ricardo tinha esbarrado. À primeira vista, a argumentação parece válida, mas não resiste à crítica, pelas razões já apontadas nos textos. Como lhe dizia noutro dia, se o seu patrão lhe comprasse a capacidade para produzir trabalho, estava desgraçado. Nem você lha podia fornecer nem ele recebê-la. Se, escudado na presunção de que ele lhe comprou capacidade de produzir trabalho, você não produzir e não lhe entregar trabalho, ele não o quererá no emprego. Serem detentores de capacidade para produzir trabalho é o que faz dos trabalhadores assalariados produtores e vendedores de uma mercadoria: o trabalho.<BR/><BR/>Para além de não ter definido explicitamente o conceito de valor, de o ter apresentado como expresso pelo valor de troca, o Marx faz outras misturas, voluntária ou involuntariamente, de todo inaceitáveis, por exemplo, concebendo o valor como criação da utilidade (o trabalho vivo, tido como utilidade da força de trabalho, como criador do valor das mercadorias), as quais são também apontadas naquele meu texto mais antigo, embora com uma redacção mais confusa (razão que me levou a suspender a publicação das duas partes restantes, que padecem dos mesmos males, aguardando vagar e disposição para serem todas reformuladas). Enquanto isso, o hipotético valor da força de trabalho apenas poderia ser criado pelo trabalho morto, visto o trabalho vivo não entrar na sua produção, o que contrariava o mecanismo da produção do valor. Enfim, toda a concepção marxista da mais valia é uma completa inversão da realidade.<BR/><BR/>A referência ao Pacheco Pereira é uma pequena graçola em relação a um apelo ridículo que ele fazia no seu blog aos críticos da guerra de agressão americana contra o Iraque para que pusessem um cartaz ao pescoço com os dizeres “eu sou burro”. Ora, a vida veio a demonstrar que os crédulos nas mentirolas americanas justificadoras daquela guerra de agressão e de ocupação é que se comportaram como autênticos “burros”. De onde, mais uma vez se comprovou que até as pessoas mais inteligentes e competentes na análise política cometem as suas asneirolas. Aquela minha nota foi apenas uma pequena chacota de troco ao pretensiosismo do abalizado analista e comentador político ao qualificar de burros os discordantes.<BR/><BR/>Disponha sempre.<BR/><BR/>JMC.JOSÉ MANUEL CORREIAhttps://www.blogger.com/profile/02280120851209596215noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-35523293.post-7289467859606186762007-10-22T10:33:00.000+01:002007-10-22T10:33:00.000+01:00Bom dia JMCÀ medida que vou lendo os seus textos ...Bom dia JMC<BR/><BR/>À medida que vou lendo os seus textos tenho vindo a deparar com algumas questões pontuais que, se não fosse a sua preocupação de rigor me dispensaria eu próprio de as colocar. <BR/><BR/>Sem prejuízo de uma apreciação global que farei quando me for possível, permita que lhe vá colocando algumas questões avulso à medida que me forem surgindo. <BR/><BR/>1 - No presente texto pode ler-se, na parte (4): “ ... tal como é também da física a distinção entre trabalho e energia.” Sou da mesma opinião mas, na parte (1) do texto “O Trabalho, o valor e a mais-valia no modo de produção capitalista (I)" de 10/19/2006, diz-se, logo no início do primeiro parágrafo: “O que é o trabalho humano? Em termos simples poderemos dizer que é uma forma de energia ...”. Ora, parece-me haver aqui alguma contradição que gostaria que esclarecesse, já que se trata de uma questão nuclear que tem consequências no desenvolvimento do seu raciocínio.<BR/><BR/>2 – Na mesma parte (4) deste texto diz-se: “Trabalho e força de trabalho não são a mesma coisa; aquele é um produto desta.” Estou de acordo. Mas, ainda na parte 1 do texto citado no ponto anterior diz-se que: “A distinção entre a capacidade para produzir trabalho – a força de trabalho – e o trabalho não reflecte a realidade empírica”. Continuo a não estar de acordo com esta última asserção e parece-me estar-se aqui também perante mais uma contradição. Peço o favor de esclarecer.<BR/><BR/>3 – Referindo-me ao texto “Ilusão por ilusão já basta a da religião” de 10/20/2006, confesso não ter percebido rigorosamente nada daquilo a que se refere no último parágrafo, que termina com : “GANDA PACHECO. ARRE QUE É BURRO!”.<BR/><BR/>Suponho tratar-se de qualquer referência a acontecimento ou “fait divers” ocorrido no país, que contudo os meus catorze ou quinze anos de ausência não me permitiram identificar. Gostaria que explicasse a que se refere de facto.<BR/><BR/>E por hoje não incomodo mais.<BR/><BR/>Cumprimentos<BR/>nelsonAnonymousnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-35523293.post-6075233169797627882007-10-19T00:27:00.000+01:002007-10-19T00:27:00.000+01:00Agradeço a sua amável referência ao eventual mérit...Agradeço a sua amável referência ao eventual mérito dos textos.<BR/><BR/>A atenção que tenho dedicado aos seus comentários não tem sido para mim excessiva. É apenas retribuição pelo interesse que tem demonstrado pelos temas abordados.<BR/><BR/>Como vê, os comentários não abundam (e só têm sido excluídos os manifestamente provocatórios ou caluniosos, deixados por dois ou três escribas encarregados do serviço de vigilância ideológica). Você tem sido o único a colocar dúvidas ou discordâncias sobre temas que não despertam já grande interesse. Debates teóricos sempre foram de grande aridez, pelo que não há muita gente interessada neles.<BR/><BR/>Pelo que lhe será já possível compreender, o seu patrão está a borrifar-se para a sua força de trabalho; o que você se prestou a fornecer-lhe, e ele lhe comprou, foi trabalho com determinada utilidade. Deve lembrar-se das expressões populares “andar à procura de trabalho”, “dar trabalho”, como sinónimos de procurar vender ou comprar trabalho. Força de trabalho, capacidade para produzir trabalho, ou se tem ou não se tem, não se compra nem vende.<BR/><BR/>Apesar de afirmar não ser versado em marxismo, parece-me que estará persuadido de que ele constitui a grande ideologia da esquerda política. Esperemos que esta troca de impressões lhe permita compreender o idealismo inerente ao projecto político comunista marxista, assim como a inconsistência argumentativa e a falsidade das conclusões com que o Marx pretendeu criticar os discursos sobre a economia política.<BR/><BR/>Uma questão levantada numa das suas ironias provocadoras, sobre o que motivaria os ex-comunistas a tornarem-se críticos acérrimos do comunismo, não foi esquecida. Tenho em preparação um texto abordando o assunto, referido à minha experiência pessoal (porque pela dos outros não posso falar); aguarda vagar e disposição para ser concluído.<BR/><BR/>Cumprimentos.JOSÉ MANUEL CORREIAhttps://www.blogger.com/profile/02280120851209596215noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-35523293.post-87358967595767238182007-10-18T13:13:00.000+01:002007-10-18T13:13:00.000+01:00Boa tarde, Caro JMCAcabo de desfalcar a entidade ...Boa tarde, Caro JMC<BR/><BR/>Acabo de desfalcar a entidade patronal em mais de 1 hora de trabalho – ou será força de trabalho ? – desviada para a leitura de mais este seu texto. Brilhante como todos os demais e cujo registo, mais coloquial – como diz – nesta nova edição revista e aumentada, me inibe menos, na minha condição de simples leitor à procura de mais algum saber. Admirando-me mesmo o facto de alguns comentários meus, mais ironicamente provocadores, terem merecido da sua parte o que me parece uma atenção excessiva. Que apesar de imerecida me deixa lisonjeado.<BR/><BR/>Continuo a ler, a reler e a anotar os dezassete textos seus que printei . O projecto é trabalhoso. Mas prometo que, quando tiver ideias minimamente ordenadas – de acordo, desacordo ou de simples não entendimento – virei aqui dar notícia.<BR/><BR/>Cumprimentos<BR/>nelsonAnonymousnoreply@blogger.com