tag:blogger.com,1999:blog-35523293.post8405094884207329802..comments2023-05-30T13:34:11.993+01:00Comments on aparências do real: As dificuldades enfrentadas pela crítica teórica do marxismoJOSÉ MANUEL CORREIAhttp://www.blogger.com/profile/02280120851209596215noreply@blogger.comBlogger4125tag:blogger.com,1999:blog-35523293.post-31009747955705808322007-09-05T10:40:00.000+01:002007-09-05T10:40:00.000+01:00Bom dia JMCDe facto acabo de conhecer o blog e n�o...Bom dia JMC<BR/><BR/>De facto acabo de conhecer o blog e n�o tinha reparado nos textos anteriores sobre a mat�ria. Fiz "prints" e vou iniciar agora o estudo deles. O que me vai dar para a� uns bons dois ou tr�s meses de trabalho suor e l�grimas. Se conseguir sobreviver ao esfor�o nessa altura virei aqui deixar opini�o. Entretanto deixei um coment�rio no post sobre o "Foi assim" de Zita Seabra.<BR/><BR/>Obrigado pela sua disponibilidade e boa vontade para aturar amadores.Anonymousnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-35523293.post-39028119072566439692007-08-31T20:30:00.000+01:002007-08-31T20:30:00.000+01:00Para satisfazer a sua natural curiosidade terá de ...Para satisfazer a sua natural curiosidade terá de dar uma olhada aos textos anteriores, nomeadamente, <I>O trabalho, o valor e a mais-valia no modo de produção capitalista</I> e <I>Os erros de Marx acerca da exploração</I> (cuja saga terá continuação), e outros. Como deverá compreender, não posso andar a repetir a demonstração em todos os textos. Seria fastidioso. Os erros encontram-se demonstrados noutros textos a isso dedicados e que continuam disponíveis (e visíveis) no blog.<BR/><BR/>A generalidade das críticas dos ideólogos burgueses refere-se às que conheço. Como certamente não as conheço na totalidade, o termo designa esse universo mais restrito. Os adversários podem criticar muita coisa da obra do Marx e têm-no feito. Em relação “às principais concepções” — a explicação da génese do lucro, a teoria do valor das mercadorias, a tendência para a queda da taxa de lucro e a teoria da revolução social — desconheço qualquer crítica fundada. Como refiro no texto, o marxismo tem sido criticado ao nível de projecto político, porque foi a esse nível que teve as maiores repercussões. Essas críticas, apontando a concepção totalitária da organização social e o carácter anti democrático e cerceador das liberdades individuais dos regimes comunistas, eram no essencial válidas. De qualquer modo, os regimes políticos comunistas inspirados no marxismo ruíram sem ser pelos efeitos das críticas dos seus adversários, mas pela sua incapacidade de competirem com o capitalismo e pela acção dos povos, que deles se fartaram. A esse nível, portanto, a crítica, apesar de correcta, mostrou-se supérflua.<BR/><BR/>Existe, porém, um campo do marxismo em que os ideólogos burgueses não têm entrado, e esse refere-se à crítica da crítica marxista da economia-política. Por conveniência e porque os seus objectivos são outros, estou convencido, passam ao lado das questões centrais. A razão parece-me simples: a crítica da crítica marxista permite desmistificar os discursos apologéticos, sejam os dos ideólogos burgueses, sejam os dos ideólogos comunistas. Aos primeiros, pouco interessa a explicação da origem do lucro, por exemplo; interessam, quanto muito, melhores discursos legitimadores; e os seus objectivos são operacionalizar melhor o funcionamento da economia capitalista, e não tanto apontar-lhe as fragilidades e as iniquidades. Aos segundos, também pouco interessa que a pseudo validade científica do marxismo seja posta em causa; afinal, uma das justificações para a adopção do marxismo como ideologia residia na sua louvada validade científica, como está bem espelhado na designação de socialismo científico que atribuem ao socialismo marxista.<BR/><BR/>A teoria marxista da revolução social, que afinal não passa de um esboço (muito mal desenvolvido pelos adeptos, diga-se de passagem), não se mostra errada apenas por resultar do pensamento especulativo. Este, se não for fantasioso, até poderá ser fecundo. Aquela teoria é errada, antes de mais, porque contraria o que a História tem mostrado acerca da transformação social. E como as teorias sobre a transformação social não são passíveis de validação pela experimentação dedicada, porque ocorrem por períodos muito longos — ao contrário do que se verificou com a teoria política marxista, cuja experimentação durante uns escassos setenta anos bastou por invalidá-la — a sua validação, se de outros males não padecerem, tem de ser procurada na História, no passado conhecido, ainda que interpretado. E, com base na História, não se pode conferir qualquer validade científica à teoria marxista da revolução social. Este é mais um aspecto caricatural do marxismo, que pretendendo fundar-se também numa interpretação materialista da História encontra nesta a base da sua refutação imediata.<BR/><BR/>A refutação da teoria, porém, não é baseada apenas na sua insustentabilidade histórica, mas principalmente na demonstração de que os conceitos com que opera e a lógica que a conduz à atribuição do protagonismo revolucionário ao proletariado, a classe explorada do modo de produção capitalista, é errada. Tal, aliás, como acontece em relação a outras concepções marxistas. Nunca, a não ser na cabeça de alguém, as “forças produtivas” (que sejam o que forem não passam de coisas, máquinas, fábricas, técnicas, etc.), poderão entrar em contradição com as relações de produção que lhes deram origem (as relações entre pessoas, que produzem as forças produtivas). A não ser que ainda venhamos a conhecer a revolução das máquinas inteligentes, mas isso é já estória… Muito menos, uma classe social explorada, que não detém qualquer domínio sobre as forças produtivas pode ser transformada em classe dirigente do desenvolvimento das forças produtivas. <BR/><BR/>Mesmo que uma classe explorada leve a cabo revoluções políticas, como foi o caso das revoluções comunistas que ocorreram em diversas sociedades atrasadas no desenvolvimento sócio-económico, tal não é sinónimo que esteja levando a cabo uma nova revolução social. O que o comunismo fez nessas sociedades foi trazê-las para a modernidade capitalista, à custa do sacrifício de operários e de camponeses e da sua ilusão de que estavam construindo um mundo novo que superava o capitalismo. Como os regimes comunistas mostraram, por muito verniz ideológico com que tenham coberto as relações de produção comunistas para diferenciá-las do salariato capitalista, as forças produtivas não podem ser desenvolvidas à vontade dos artistas. É necessário reservar uma parte do produto para a investigação e o desenvolvimento de novos meios de produção e, acima de tudo, é necessário que a liberdade individual permita a iniciativa para aproveitar todas as oportunidades, reais ou imaginárias, para experimentar novas respostas para as necessidades sociais que venham surgindo, correndo os inerentes riscos do fracasso. Como nem o produto excedente disponível nem a liberdade de iniciativa são ingredientes que existam em quantidade suficiente nas sociedades totalitárias comunistas — que apesar das elevadas taxas de acumulação conseguidas, com recurso a duras condições de exploração, não lhes permitiram mais do que recuperarem grande parte do atraso de que partiam, ficando muito aquém da capacidade de centralização de capitais vultuosos do capitalismo privado individual, afluindo das poupanças e dos sítios mais díspares, e da capacidade de inovação que estes permitiam — a capacidade de desenvolvimento das forças produtivas dos regimes comunistas foi o que se viu: tecnologia comprada no mercado negro ou surripiada pela espionagem de companheiros de jornada que traíam os seus países, poucas ou nenhumas inovações científicas de relevo, tecnologia orientada exclusivamente para a produção militar, penúria e má qualidade de muitos bens essenciais, etc., etc.<BR/><BR/>Quanto ao voluntarismo não ser bom nem mau, nem certo nem errado. Bem, tudo depende do ponto de vista e dos objectivos que com ele se pretendem alcançar. Para alguns, o voluntarismo é o modo pelo qual se conseguem superar a si próprios e atingirem objectivos pessoais, e, na política, constitui, para muitos outros, a ilusão e o consolo das suas vidas. Daí não advém mal ao Mundo. Mas não são os valores morais que estão em causa. O voluntarismo como instrumento de transformação social é infrutífero, por ineficaz. Quando transformam a realidade social os homens não o fazem com a consciência de que o estejam fazendo. Em cada momento, os homens tratam, pura e simplesmente, de governar as suas vidas o melhor que puderem. E a realidade social não se restringe à sua componente política, porque esta acaba por ser apenas um dos instrumentos de regulação e de reprodução das relações estabelecidas na produção das condições de existência, nas formas de organizar o trabalho e de repartir o produto social.<BR/><BR/>Como o marxismo praticamente reduziu a revolução social à sua componente de revolução política, concebendo-a como o motor do desenvolvimento das forças produtivas, através da dita propriedade social dos meios de produção, os adeptos continuam persuadidos de que a conquista do poder de Estado é condição suficiente para levar a cabo a revolução social. É condição necessária, mas não suficiente. A conquista do poder de Estado, a revolução política, é necessária para que uma classe social emergente na base económica da sociedade, protagonista de novas relações de produção que aí se estabeleceram, promova o desenvolvimento dessas novas relações de produção, removendo os entraves que as concepções políticas e ideológicas correspondentes às velhas relações de produção permanentemente lhe colocam. A revolução social desenrola-se, antes de mais, na base económica da sociedade, onde emergem novas relações de produção e as novas classes sociais que as estabelecem e protagonizam; e, depois, na superstrutura política e ideológica, quando a classe dirigente das novas relações de produção adquire consciência dos seus interesses e capacidade para lutar por eles disputando o poder político. Deste modo, os protagonistas da revolução social, nas suas componentes económica e política, são classes dirigentes; e, na revolução política, os contendores são a nova classe que entretanto já conquistou a direcção da economia e a velha classe que ainda dirige a política. A revolução social não ocorre pela disputa do poder político entre a classe explorada e a classe exploradora de um determinado modo de produção social. Mas também sobre este assunto tem no blog outros textos que o abordam mais demoradamente.<BR/><BR/>É claro que toda a gente é livre de se iludir com o que quiser. E porque não hão-de os comunistas e os simples adeptos marxistas acreditar na profecia messiânica da revolução comunista proletária? É uma questão de fé numa verdade previamente revelada. Assim como há milhões de crentes que vão a Fátima e a outros lugares e esperam pela vinda do Cristo redentor, porque não hão-de os comunistas acreditar nas profecias de S. Marx? Devido aos desaires das experiências, já não estão tão seguros da sua validade, mas, tal como alguns enduvidados, consolam-se com a esperança: quem sabe se um dia não serão realidade, quem sabe? A fé, e a esperança que permite manter indefinidamente, é a grande supremacia dos devotos sobre os incréus. E, afinal, porque não, se será dos fiéis o reino dos céus?<BR/><BR/>Obrigado pelo seu comentário. Se tiver outras questões a colocar, esteja à vontade para o fazer.JOSÉ MANUEL CORREIAhttps://www.blogger.com/profile/02280120851209596215noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-35523293.post-48560245495390238412007-08-31T09:57:00.000+01:002007-08-31T09:57:00.000+01:00O tema proposto coloca um conjunto de questões int...O tema proposto coloca um conjunto de questões interessantes que, não sendo eu especialista na matéria e não detendo os cabedais de conhecimento que suponho no autor, vou abordar numa lógica de questionar e provocar – correndo até o risco de passar por advogado do diabo – essencialmente apenas para me esclarecer. <BR/><BR/>Se bem percebi, a abordagem visa dois objectos, no meu entender, distintos: um, o marxismo, enquanto corpo de ideias legado por Marx; o outro, os marxistas, enquanto intérpretes desse legado e agentes de práticas fundadas na sua interpretação.<BR/><BR/>Relativamente ao primeiro aspecto vou socorrer-me de dois extractos do texto onde se centraram algumas das minhas dúvidas, simples não entendimento, ou entendimento diferente:<BR/><BR/>“... Os erros que cometeu residem em duas ordens de razões: por um lado, as suas conclusões contrariam uma ou mais premissas em que se baseou, o que retira validade à argumentação; por outro lado, algumas das premissas adoptadas como plausíveis ou verdadeiras são erradas, o que o conduziu a conclusões falsas ...”<BR/><BR/>Admito a sustentabilidade do parecer, sendo que, para que não fique – ele também – constituindo parte do tal espólio de crítica infundada produzida pelos tais ideólogos burgueses, deverá, para além da sentença apresentar também os argumentos que a fundamentam: que premissas e que conclusões se contrariam? Que premissas tomadas como verdadeiras ou plausíveis são erradas e porquê?<BR/><BR/>“... Apesar disso, a generalidade das críticas feitas às principais concepções de Marx pelos mais diversos ideólogos burgueses não tem fundamento ...”<BR/><BR/>Não sou, como já referi, especialista da matéria e portanto não conheço exaustivamente todas as críticas feitas até hoje ao pensamento de Marx. Não sei também em que sentido é usado o ambíguo termo “generalidade”. Mas a ideia que tenho é que, crítica adversária fundada, não me parece ser propriamente o que mais falte ao marxismo. Para citar apenas um exemplo, Karl Popper e todo o coro de vozes menores que dele fez eco – e continua a fazer – não me parece uma crítica assim tão infundada nem tão inexpressiva quanto isso.<BR/><BR/>Quanto ao segundo aspecto – os marxistas e a sua praxis – e não pretendendo convocar atenuantes, parece-me que, em nome da coerência, deveria ter merecido um esforço de abordagem dentro do mesmo registo de rigor crítico e distanciamento desapaixonado que foi usado para referir a doutrina. Acontece que não o foi, antes deixando transparecer no juízo que faz dos marxistas também os tais laivos de subjectivismo especulativo que rejeita nalgumas partes da obra de Marx. Não é o subjectivismo especulativo, em si mesmo, que questiono como positivo ou negativo, legítimo ou não. Mas sim a sua prática por quem – afinal à semelhança do que diz Marx ter feito – dele se pretende distanciar. <BR/><BR/>Em si mesmo, o pensamento especulativo parece-me um exercício intelectual tão legítimo como qualquer outro. Aquilo que rejeito é que ele possa ser constituído em alicerce, de forma acrítica, para fundamentar uma qualquer prática. Afinal, a história da ciência encontra-se repleta de rasgos brilhantes da mente humana que, começando por ser exercícios de especulação pura, à posterior se transformaram em conhecimento científico. Da mesma forma que noutros casos o pensamento humano produziu ideias sem qualquer correspondência com o mundo real.<BR/><BR/>Quanto ao voluntarismo, seja ele de Marx e/ou dos seus discípulos, ou de qualquer outro, avaliado em termos abstractos também não me parece que seja bom ou mau, certo ou errado. Na recusa de uma perspectiva determinista da história, que alternativa resta ao homem senão assumir a intervenção no fluxo dos acontecimentos, tentando influencia-los de acordo com a sua vontade e convicções? – morais e outras? Não me ofende, portanto, que Marx e pretensos seguidores, ao arrepio de qualquer fundamentação obediente aos cânones da ciência – que na altura não se encontravam também ainda desenhados com o rigor que vieram a adquirir posteriormente – tivessem simplesmente “desejado” concretizar a ideia de um mundo que se lhes afigurou como melhor, e se tivessem em consequência batido por ele. Isto é voluntarismo e – independentemente de ter sido conseguido ou não o objectivo – parece-me legítimo e defensável. Os homens sempre se bateram por objectivos e pelas mais diversas causas e ideias, conseguindo umas vezes concretiza-las e outras não. Ou conseguindo concretizar mais tarde, em condições diferentes, aquilo que não foi possível concretizar antes nas condições de então. Independentemente de juízos de valor, não me parece que se encontre já provada, quer a possibilidade quer a impossibilidade de criar uma sociedade semelhante ao modelo imaginado por Marx, mesmo que os caminhos possam ser outros. Afinal, embora um rio nunca seja o mesmo que era no instante anterior, continua a conduzir aos mesmos destinos.Anonymousnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-35523293.post-25392277604795826292007-08-27T15:00:00.000+01:002007-08-27T15:00:00.000+01:00Na realidade afirmar Marx, como um autor que já ha...Na realidade afirmar Marx, como um autor que já havia estabelecido as premissas do fim da história, ou voltar a reafirma-lo, enquanto tal, pensei que já fosse caso resolvido pela teoria da história. Pelos vistos o autor pensa e dai voltar à carga, que não. Mas as correntes históricas defensoras do escatologismo já haviam entrado em crise muito antes de Fukuyama! Fukuyama foi apenas um golpe de asa(publicidade)no pensamento histórico.carlos freitas nuneshttps://www.blogger.com/profile/01819937943703860389noreply@blogger.com