sexta-feira, 27 de abril de 2007

A conspiração no silêncio


Depois da manifestação de desagravo pelo aniversário, da entrevista do Morais ao Diário de Notícias e das circulares enviadas às secções incentivando as hostes, o Polvo remeteu-se ao silêncio público. As datas festivas do 25 de Abril e do 1.º de Maio concedem-lhe as tréguas necessárias para respirar, enquanto espera que a presidência da União Europeia lhe traga o verdadeiro alívio. Nas televisões já assegurou a confortável maioria. O subordinado Gago gere o regateio das vozes que ainda podem ameaçar falar de mais, ponderando alternativas que as contentem. O sisudo Cavaco não tem independência para remoques, e não ousa mandar recados.

A memória das gentes é curta, os seus afazeres são outros; como sentem não serem respeitadas, vingam-se dos poderosos pela anedota. Com o chocarreiro anedotário nacional pode bem o Polvo. Basta-lhe que a restante bicharada se mantenha calada, medindo os seus rabos de palha. O chefe do Choco, que ousou falar em falta de carácter e de ética tendo apaniguados com negócios subterrâneos à ilharga, depois de convenientemente humilhado vê abaterem-se sobre eles as chicotadas do Polvo.

A contra-ofensiva do Polvo desenrola-se agora em novas frentes, dos gabinetes das polícias e dos procuradores às propostas de novos negócios. Gerado que foi um oportuno ruído com a prisão de uns quantos neo-nazistas futeboleiros de há muito referenciados, acena ao opista despeitado, dono do jornal da conspiração, com a perspectiva de uma nova OPA; e ao bloguista que teve a ousadia da denúncia da suspeita licenciatura do Pinóquio vai ameaçando com novas acções.

O Polvo lida mal com a liberdade e encara a democracia como mero instrumento para chegar ao poder. Depois de instalado, interessa-lhe a paz dos cemitérios, para poder banquetear-se descansado. Para o Polvo, o silêncio é de ouro.

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