quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Os (bons) fins justificam os (maus) meios?


Os OGMs são produtos tecnológicos que exigem alguma precaução. Os perigos associados são em grande parte desconhecidos, pelo que os riscos não podem ser desprezados. Impõe-se, portanto, o princípio da precaução.

Devido aos riscos presumíveis ou a outros, quiçá terríficos, apenas imagináveis, muita gente é contra a produção de OGMs. Está no seu pleno direito e tem variadíssimas formas de manifestar a sua discordância e oposição dentro dos limites da lei.

Um numeroso grupo de jovens, juntando nacionais e estrangeiros, oriundos de um acampamento organizado por uma ONG virada para a ecologia, financiada pelo Estado, resolveu destruir um milheiral transgénico. Foi afirmado que a acção seria uma forma de chamar a atenção pública para o problema da produção de OGMs.

Invadiram uma herdade e destruíram parte da cultura, causando danos em propriedade alheia. Fizeram-no nas barbas da GNR, aparentemente sem a sua adequada reacção, e perante as câmaras da TV. Como ficou demonstrado, a acção fora antecipadamente preparada e anunciada, estava devidamente organizada, com os activistas transportados em autocarros e as TVs avisadas. Ao que dizem, a romagem teria sido autorizada pelo Governo Civil.

Vários comentadores já teceram as mais diversas apreciações sobre o caso. Uns demonstrando simpatia, outros condenando. Vasco Graça Moura, no Diário de Notícias de hoje (ver aqui), aflora o cerne da questão.

Tratou-se de um caso de violência política, ainda que envolvendo um crime contra a propriedade, em relação ao qual as autoridades demonstraram uma inaceitável complacência, contrastando com o excesso de zelo com que entravam manifestações pacíficas de trabalhadores, por exemplo. O Governo, esse, evidenciou, uma vez mais, a sua conhecida incompetência. Os dois ministros que saíram a terreiro mostraram ser menos do que duas “borboletas trapalhonas”, pois desempenharam o papel de autênticos mentecaptos.

O ministro das polícias estava num dia mau, fazendo retorcidas interpretações da lei para defender a GNR e justificar a adequação da resposta policial ao evento. O da Agricultura, esse, coitado, estava num dia péssimo. Perante um evidente caso de polícia, apressou-se a minimizar os prejuízos causados pelos energúmenos, não fosse tratar-se de crime grave, e ainda teve o desplante de afirmar que o Estado os pagaria; irresponsavelmente, não se coibiu de insinuar o envolvimento, indirecto, de um partido político da oposição no acto de violência.

Se o ridículo matasse, este Governo seria um conjunto de cadeiras vazias na sala de reuniões do Conselho de Ministros, tantos e variados têm sido os eventos hilariantes em que se tem metido. Tal não se deve aos fortes calores que se têm feito sentir e aos seus eventuais nefastos efeitos sobre as mentes. É defeito de fabrico, que noutras paragens não passaria no controlo de qualidade.

Os rapazolas e as raparigotas ecologistas, bem nutridos e financiados, que se comportaram como vulgares energúmenos, mostraram pertencer à estirpe dos cavaleiros andantes imbecis que denodadamente pretendem catequizar os gentios. Não são apenas jovens e irresponsáveis, são também palermas intolerantes para quem os (bons) fins justificam os (maus) meios.

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