Otelo Saraiva de Carvalho, o idealista ingénuo e generoso: morreu um herói nacional dos que devolveram a liberdade ao povo

O idealista ingénuo e generoso, que teve papel determinante no grupo dos que arriscaram para devolver a liberdade ao povo, morreu. Depois daquele feito memorável mostrou-se instável, excessivo e controverso, o homem perdido no labirinto das suas contradições, vaidades e ambições políticas. Os homens passam, o que fica e será sempre recordado é aquele acto fundador. E isso a burguesia e outros saudosistas do corporativismo-salazarista, pelo cagaço que apanharam, de que alguns ainda não recuperaram e que outros não esquecem, nunca lhe perdoarão, sob o pretexto de rejeição de tudo o que se seguiu.

Primeiro sorrindo, depois com tristeza, fui crítico das aventuras em que se meteu excedendo o apoio que através do COPCON concedia aos trabalhadores e às suas lutas até ao Verão de 1975, respondendo aos seus apelos, fruto das ilusões de que outra organização social era possível, que gente bem mais politizada lhe vendiam, da constituição dos GDUPS às candidaturas à Presidência da República, à FUP e ao seu lunático, desvairado e delirante Projecto Global/FP-25. Recordarei dele sempre o melhor, o que vale a pena, como fará a história: o idealista ingénuo e generoso da devolução da liberdade ao povo.