domingo, 3 de abril de 2022

Voltou o "genocídio", agora devidamente escorado num massacre de civis


“Genocídio”, “terrorismo nuclear”, “crimes de guerra”, “crimes contra a humanidade” e ontem, em entrevista, de novo, “genocídio”, são as acusações recorrentes que o comediante Presidente da Ucrânia, ele próprio, tem proferido desde que começou a invasão do seu país, dando o mote diário para a intensa campanha de propaganda a que se tem assistido. É grotesco, e só um farsante, qual verdadeiro artista "do circo, da rádio, TV e disco e da cassete pirata" se prestaria a um papel tão infame.

Nem a propósito, hoje foram divulgadas imagens chocantes de dezenas de cadáveres de civis em caves de edifícios e espalhados ao longo de uma rua de Bucha, uma localidade dos arredores de Kiev, colhidas pelo Ministério da Defesa ucraniano e não por qualquer órgão de informação, mesmo dos engajados, cuja divulgação denota claramente o objectivo de corroborar a tese do “genocídio”. São crimes graves, seja quem for que os tenha praticado e mesmo que se tratem de mais uma operação provocatória de “falsa bandeira”, que merecem ser investigados.

Foi afirmado que os mortos, homens e mulheres, jovens e idosos, seriam todos civis desarmados. Algumas das vítimas tinham a típica braçadeira branca de apoiante do exército russo, e essas e outras, pelas condições em que foram mortas, com as mãos e os pés atados, mostravam terem sido sujeitas a sevícias e depois sumariamente executadas. Todos os requisitos que caracterizam um massacre estavam preenchidos. Faltava saber quando, por quê e por quem fora cometido, mas antes que tal fosse apurado foi atribuído às forças russas.

A guerra contra o exército invasor russo, de que uma parte dos combatentes ucranianos é aliada, e onde campeia o ódio, é propícia para a ocorrência de crimes de guerra. Quando o governo distribui armas a civis, transformando-os em combatentes, aumenta o risco de que eles, tal como os militares, sejam objecto desses crimes. E quando a maior parte dos combates ocorre nas povoações (aldeias, vilas e cidades) pela disputa do seu controlo é natural a ocorrência de elevado número de mortos entre as populações indefesas.

Esta situação é agravada, na guerra que se trava na Ucrânia, pela intervenção de forças para-militares e de milícias civis ao lado do exército regular ucraniano, e, em ambos os lados, de contingentes de mercenários, em grande número com motivação religiosa, étnica e política de extrema-direita e de cariz neo-nazi. Nestas condições, a destruição e a violência próprias da guerra são exacerbadas pela crueldade da motivação ideológica destes combatentes, o que aumenta a possibilidade da ocorrência de crimes de guerra. Eventualmente, este não irá ser o único nem o pior.

Este massacre de civis não ter sido divulgado logo após a saída das forças russas de ocupação, mas só depois da entrada em acção das forças para-militares e das milícias neo-nazistas ucranianas nas vilas e aldeias abandonadas, “limpando-as de colaboracionistas e de sabotadores”, reocupando-as e bombardeando o exército russo em retirada para a Bielorrússia (com carros de combate incendiados após terem sido atingidos, num cenário de destruição verdadeiramente dantesco), e estar sendo aproveitado para uma operação propagandística de grande envergadura, torna suspeita a autoria que lhe foi atribuída.

Os divulgadores do massacre, porém, não pretendem a actuação em tempo útil do Tribunal Penal Internacional para punir os responsáveis, caiba a autoria a quem imputam ou a outros e, inclusivamente, sejam os factos reais ou não, mas o efeito emocional de reacção à violência das imagens ou das descrições para obter o apoio das opiniões públicas ou dos responsáveis políticos para outros seus objectivos imediatos. Neste caso, foi notório o apelo à intensificação da guerra económica (as chamadas sanções) contra a Federação Russa e ao fornecimento de armamento mais diversificado e eficaz à Ucrânia.

Quando a Rússia intensifica a sua ofensiva na região de Donbass e a alarga à região de Odessa, demonstrando a intenção de cortar o acesso da Ucrânia ao mar, outro objectivo imediato da propaganda em torno dos massacres visou a sabotagem das negociações em curso para um cessar-fogo, porquanto o Presidente ucraniano passou a declarar como sua pretensão nada menos do que a vitória na guerra, quando há pouco admitia algumas cedências ao invasor (por cujas vacilações terá recebido algum ralhete do patrão americano). Até parece corresponder ao lançamento da nova cartada urdida pelos EUA aquando do périplo europeu do seu Presidente.

A operação propagandística de que o massacre é objecto irá ser amplificada até à náusea pelos EUA, pelos seus aliados e pelos seus media. Até que produza os efeitos pretendidos, uma investigação independente dos crimes não irá ser efectuada, perdendo-se elementos de prova relevantes. Faz lembrar os embustes em que os EUA são peritos, como o das “mortes de dezenas de bebés numa maternidade” no Kuwait e o das “armas de destruição massiva” atribuídas ao Iraque, que apesar de grosseiras mentiras produziram a emoção necessária para a naturalização das invasões deste país em 1991 e 2003.

Acirrando o ódio contra os russos com as imagens de cadáveres e o uso de palavras desmedidas (nada menos que “genocídio”), o objectivo fundamental pretendido é a escalada da guerra e o seu prolongamento a qualquer preço, para exaurir quanto possível o inimigo russo. Antes da etapa nuclear há ainda muito cartucho para queimar, muito edifício para destruir e muito ucraniano para morrer (e quantos mais refugiados regressarem mais haverá). E, quando for necessário, a Bielorrússia estará ali à mão, à mercê dos vizinhos ocidentais mais enraivecidos.

Para uma tarefa bem menor, a investigação dos negócios no país do filho do actual Presidente dos EUA, o anterior Presidente, Donald Trump, propunha-se pagar ao comediante Presidente da Ucrânia 400 milhões de dólares, proposta que terá sido recusada. Quanto, ou o quê, terá prometido o actual Presidente para a função tão arriscada e atroz a que o comediante se prestou e vem desempenhando de forma tão diligente é o que falta saber-se. Mas a História dirá.


ADENDA (2022.04.05)

Foi noticiado que a Comissão Europeia, em retaliação, ampliou a guerra económica contra a Federação Russa: proibição da importação de carvão, confisco de activos de outros bancos russos e proibição de navios mercantes e de transportes rodoviários russos atracarem em portos ou cruzarem os países membros. Parece que a senhora Ursula von der Leyen, Presidente da Comissão, está fazendo jus à família no ódio à Rússia, nomeadamente ao avô nazi implicado em massacres na Polónia e por isso condenado.

Os peneireiros caseiros, porque as novas medidas pouco afectarão o reduzido comércio da república das bananas com a Federação Russa, quais sabujos dedicados aceitarão pressurosos as novas medidas da guerra económica. Resta saber se o reeleito nacionalista Viktor Orbán, da Hungria, declaradamente não hostil à Federação Russa, também acatará as decisões da CE, tomadas à revelia do Conselho Europeu, ou se romperá a proclamada unidade da UE.

E foi também noticiado que a Alemanha, a Bélgica, a Dinamarca, a França, a Itália, os Países Baixos, a Suécia e a Espanha, seguindo o que já fora feito pela Polónia e por um dos países bálticos, decidiram a expulsão de funcionários das Embaixadas da Federação Russa nos seus países. E, em consonância, o Alto Representante Josep Borrell, decidiu a expulsão de 19 membros da Missão Permanente da Federação Russa para a União Europeia, em Bruxelas.

Com o seu habitual complexo de inferioridade, os peneireiros caseiros não quiseram ficar p'ra trás e decidiram igualmente expulsar da república das bananas dez funcionários da Embaixada da Federação Russa, certamente espiões do inimigo tão perigosamente próximos do Comiberlant. E preparam-se para convidar o comediante, qual lídimo representante dos “nossos valores” e do “Estado de direito democrático” que é, fora de qualquer dúvida razoável, a Ucrânia, para discursar no parlamento.


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