sábado, 16 de abril de 2022

Uma outra opinião desafinada


Respigo para aqui, colhida da net, uma outra opinião desafinada da histeria anti-russa que por aí vai sobre a guerra da Federação Russa contra a Ucrânia. Poderá servir para avisar incautos e instruir palermas que se deixam levar pela mais ampla campanha de manipulação de massas de que me recordo, já que os bandalhos dos cínicos e outras estirpes de trastes são casos perdidos.


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Jacques Baud é um analista estratégico suíço, especialista em inteligência e terrorismo. Depois de ter sido Coronel do Estado-Maior do exército suíço e oficial dos Serviços de Inteligência Suíços (SRS), tornou-se consultor de empresas privadas. Ele acaba de publicar uma análise sobre a situação militar na Ucrânia que vale a pena visitar e da qual oferecemos grandes excertos abaixo.

PRIMEIRA PARTE: NO CAMINHO DA GUERRA

Durante anos, do Mali ao Afeganistão, trabalhei pela paz e arrisquei a minha vida por ela. Não se trata, portanto, de justificar a guerra, mas de compreender o que nos levou a ela. Observo que os “especialistas” que se revezam nos aparelhos de televisão analisam a situação com base em informações duvidosas, na maioria das vezes hipóteses transformadas em factos, e por isso não se consegue compreender o que se está a passar. É assim que se cria o pânico.

O problema não é tanto quem está certo neste conflito, mas como os nossos dirigentes tomam as suas decisões.

Vamos tentar examinar as raízes do conflito. Começa com aqueles que nos últimos oito anos nos falaram sobre “separatistas” ou “independentistas” do Donbass. É falso. Os referendos realizados pelas duas autoproclamadas repúblicas de Donetsk e Lugansk em Maio de 2014 não foram referendos sobre “independência”, como afirmaram certos jornalistas pouco escrupulosos, mas referendos sobre “autodeterminação” ou “autonomia”. O qualificativo “pró-russo” sugere que a Rússia era parte do conflito, o que não era o caso, e o termo “falantes de russo” teria sido mais honesto. Além disso, esses referendos foram realizados contra o conselho de Vladimir Putin.

De facto, estas repúblicas não procuravam separar-se da Ucrânia, mas sim ter um estatuto de autonomia que lhes garantisse o uso da língua russa como língua oficial. Porque o primeiro ato legislativo do novo governo resultante do derrube do presidente Yanukovych foi a abolição, em 23 de Fevereiro de 2014, da lei Kivalov-Kolesnichenko de 2012 que tornou o russo uma língua oficial. Um pouco como se os golpistas decidissem que o francês e o italiano deixariam de ser línguas oficiais da Suíça.

Esta decisão causa uma tempestade na população de língua russa. Isso resultou numa repressão feroz contra as regiões de língua russa (Odessa, Dniepropetrovsk, Kharkov, Lugansk e Donetsk), que começou em Fevereiro de 2014 e levou a uma militarização da situação e alguns massacres (em Odessa e Mariupol, para os mais importantes). No final do verão de 2014, restavam apenas as autoproclamadas repúblicas de Donetsk e Lugansk.

Nesta fase, demasiado rígidos e presos a uma abordagem doutrinária da arte operacional, os estados-maiores ucranianos sofreram o inimigo sem que conseguissem impor-se. O exame do curso dos combates em 2014-2016 no Donbass mostra que o estado-maior ucraniano aplicou sistemática e mecanicamente os mesmos planos operacionais. No entanto, a guerra travada pelos autonomistas estava então muito próxima do que observamos no Sahel: operações muito móveis realizadas com meios leves. Com uma abordagem mais flexível e menos doutrinária, os rebeldes conseguiram explorar a inércia das forças ucranianas para as “encurralar” repetidamente.

Em 2014, estou na NATO, como responsável pela luta contra a proliferação de armas ligeiras, e estamos a tentar detectar entregas de armas russas aos rebeldes para ver se Moscovo está envolvida. A informação que recebemos então vem praticamente toda dos serviços de inteligência polacos e não “encaixa” com a informação proveniente da OSCE: apesar de alegações bastante grosseiras, não observamos nenhuma entrega de armas e materiais militares da Rússia.

Os rebeldes estão armados graças às deserções de unidades ucranianas de língua russa que passam para o lado rebelde. À medida que os fracassos ucranianos progrediam, batalhões completos de tanques, artilharia ou antiaéreos vinham engrossar as fileiras dos autonomistas. É isso que leva os ucranianos a comprometerem-se com os Acordos de Minsk.

Mas, logo após a assinatura dos Acordos de Minsk 1, o presidente ucraniano Petro Poroshenko lançou uma vasta operação antiterrorista (ATO) contra o Donbass. Bis repetita placenta: mal assessorados pelos oficiais da NATO, os ucranianos sofreram uma derrota esmagadora em Debaltsevo, que os obrigou a comprometerem-se com os Acordos de Minsk 2. (…)

É essencial lembrar aqui que os Acordos de Minsk 1 (Setembro de 2014) e Minsk 2 (Fevereiro de 2015) não previam a separação nem a independência das repúblicas, mas a sua autonomia no âmbito da Ucrânia. Aqueles que leram os Acordos (são muito, muito, muito poucos) descobrirão que está escrito na íntegra que o status das repúblicas deveria ser negociado entre Kiev e os representantes das repúblicas, para uma solução interna na Ucrânia.

É por isso que, desde 2014, a Rússia exigiu sistematicamente a sua aplicação, recusando-se a ser parte nas negociações, porque se tratava de um assunto interno da Ucrânia. Do outro lado, os ocidentais – liderados pela França – tentaram sistematicamente substituir os Acordos de Minsk pelo “formato Normandia” [1], que colocava russos e ucranianos frente a frente. No entanto, lembremos, nunca houve tropas russas no Donbass antes de 23-24 de Fevereiro de 2022. Além disso, os observadores da OSCE nunca observaram o menor vestígio de unidades russas operando no Donbass. Assim, o mapa dos serviços de inteligência dos EUA publicado pelo Washington Post em 3 de Dezembro de 2021 não mostra tropas russas no Donbass.

Em Outubro de 2015, Vasyl Hrytsak, director do Serviço de Segurança Ucraniano (SBU), confessou que apenas tinham observado 56 combatentes russos no Donbass. Era um número comparável ao dos suíços que iam lutar na Bósnia durante os fins-de-semana, na década de 1990, ou dos franceses que vão lutar na Ucrânia hoje.

O exército ucraniano estava então num estado deplorável. Em Outubro de 2018, após quatro anos de guerra, o procurador-chefe militar da Ucrânia, Anatoly Matios, disse que a Ucrânia havia perdido 2.700 homens no Donbass: 891 por doença, 318 por acidentes de trânsito, 177 por outros acidentes, 175 por envenenamento (álcool, drogas), 172 por manuseio descuidado de armas, 101 por violação das regras de segurança, 228 por assassinato e 615 por suicídio.

De facto, o exército é minado pela corrupção dos seus quadros e não conta mais com o apoio da população. De acordo com um relatório do Ministério do Interior do Reino Unido, quando os reservistas foram convocados em Março-Abril de 2014, 70% não compareceram na primeira sessão, 80% na segunda, 90% na terceira e 95% na quarta. Em Outubro/Novembro de 2017, 70% dos que foram chamados não apareceram durante a campanha de recolha chamada “Outono 2017”. Isto sem contar os suicídios e as deserções (muitas vezes em benefício dos separatistas) que atingem até 30% dos efectivos na zona ATO. Os jovens ucranianos recusam-se a lutar no Donbass e preferem a emigração, o que também explica, pelo menos parcialmente, o défice demográfico do país.

O Ministério da Defesa ucraniano então recorreu à NATO para ajudá-lo a tornar suas forças armadas mais “atraentes”. Tendo já trabalhado em projectos semelhantes no âmbito das Nações Unidas, fui convidado pela NATO para participar num programa destinado a restaurar a imagem das forças armadas ucranianas. Mas é um processo demorado, de grande fôlego, e os ucranianos querem avançar rapidamente.

Assim, para compensar a falta de soldados, o governo ucraniano recorreu então às milícias paramilitares. Elas são essencialmente compostas por mercenários estrangeiros, muitas vezes activistas de extrema-direita. Em 2020, elas representam cerca de 40% das forças da Ucrânia e contam com cerca de 102.000 homens, segundo a Reuters. Eles são armados, financiados e treinados pelos Estados Unidos, Grã-Bretanha, Canadá e França. São mais de 19 nacionalidades – incluindo a suíça.

Os países ocidentais, portanto, claramente criaram e apoiaram milícias de extrema-direita ucranianas. Em Outubro de 2021, o Jerusalem Post deu o alarme ao denunciar o projecto Centuria. Essas milícias operam no Donbass desde 2014, com o apoio dos ocidentais. Mesmo que possamos discutir o termo “nazi”, o facto é que essas milícias são violentas, transmitem uma ideologia nauseabunda e são virulentamente anti-semitas. O seu anti-semitismo é mais cultural do que político, razão pela qual o qualificativo de “nazi” não é realmente apropriado. O seu ódio aos judeus vem das grandes fomes dos anos 1920-1930 na Ucrânia, resultantes da confiscação das colheitas por Estaline para financiar a modernização do Exército Vermelho. Ora, este genocídio – conhecido na Ucrânia como Holodomor – foi perpetrado pelo NKVD (antecessor da KGB), cujos escalões superiores de liderança eram compostos principalmente por judeus. É por isso que, hoje, os extremistas ucranianos pedem a Israel que se desculpe pelos crimes do comunismo, como notado pelo Jerusalem Post. Estamos, portanto, muito longe de uma “reescrita da história” por Vladimir Putin.

Estas milícias, oriundas dos grupos de extrema-direita que lideraram a revolução Euromaidan em 2014, são formadas por indivíduos fanáticos e brutais. A mais conhecida delas é o regimento Azov, cujo emblema lembra o da 2ª Divisão SS Panzer Das Reich, que é objecto de verdadeira veneração na Ucrânia, por ter libertado Kharkov dos soviéticos em 1943, antes de [esta mesma 2ª divisão] realizar o massacre de Oradour-sur-Glane em 1944, França.

Entre as figuras famosas do regimento Azov estava o opositor Roman Protassevich, preso em 2021 pelas autoridades bielorrussas na sequência do caso do voo FR4978 da RyanAir. Em 23 de maio de 2021, fala-se do desvio deliberado de um avião de passageiros por um MiG-29 – com a concordância de Putin, é claro – para prender Protassevich, embora as informações então disponíveis não confirmem de forma alguma esse cenário.

Mas é preciso então mostrar que o presidente Lukashenko é um bandido e Protassevich um “jornalista” apaixonado pela democracia. No entanto, uma investigação bastante esclarecedora produzida por uma ONG americana em 2020, destacou as actividades militantes de extrema-direita de Protassevich. A conspiração ocidental então põe-se em movimento e meios de comunicação sem escrúpulos “penteiam” a sua biografia. Finalmente, em Janeiro de 2022, é publicado o relatório da Organização de Aviação Civil internacional que mostra que, apesar de alguns erros processuais, a Bielorrússia agiu de acordo com as regras em vigor e que o MiG-29 descolou 15 minutos depois de o piloto da RyanAir ter decidido pousar em Minsk. Portanto, nenhuma conspiração da Bielorrússia e muito menos com Putin. Ah!… Mais um detalhe: Protassevich, cruelmente torturado pela polícia bielorrussa, agora está livre. Aqueles que gostariam de se corresponder com ele podem aceder à sua conta no Twitter. (…)

Assim, o Ocidente apoia e continua a armar milícias que são culpadas de numerosos crimes contra populações civis desde 2014: estupro, tortura e massacres. Mas, embora o governo suíço tenha sido muito rápido em impor sanções contra a Rússia, não adoptou nenhuma contra a Ucrânia, que vem massacrando a sua própria população desde 2014. De facto, aqueles que defendem os direitos do homem na Ucrânia há muito condenam as acções destes grupos, mas não foram seguidos pelos nossos governos. Porque, na realidade, não estamos a tentar ajudar a Ucrânia, mas sim combater a Rússia. A integração destas forças paramilitares na Guarda Nacional não foi de forma alguma acompanhada de uma “desnazificação”, como afirmam alguns. (…)

Em 2022, muito esquematicamente, as forças armadas ucranianas que combatem a ofensiva russa estão divididas em: Exército de terra, subordinado ao Ministério da Defesa: divide-se em 3 corpos de exército e composto por formações de manobra (tanques, artilharia pesada, mísseis, etc.). Guarda Nacional, que depende do Ministério do Interior e está articulada em 5 comandos territoriais. A Guarda Nacional é, portanto, uma força de defesa territorial que não faz parte do exército ucraniano. Inclui as milícias paramilitares, denominadas “batalhões de voluntários”, também conhecidos pelo evocativo nome de “batalhões de represália”, compostos por infantaria. Treinados principalmente para o combate urbano, agora garantem a defesa de cidades como Kharkov, Mariupol, Odessa, Kiev, etc.

SEGUNDA PARTE: A GUERRA

Ex-responsável pela área das forças do Pacto de Varsóvia no serviço de inteligência estratégico suíço, observo com tristeza – mas não com espanto – que os nossos serviços já não estão em condições de entender a situação militar na Ucrânia. Os autoproclamados “especialistas” que desfilam nas nossas telas transmitem incansavelmente as mesmas informações moduladas pela afirmação de que a Rússia – e Vladimir Putin – é irracional. Vamos dar um passo para trás.

A eclosão da guerra

Desde Novembro de 2021, os americanos constantemente brandem a ameaça de uma invasão russa contra a Ucrânia. No entanto, os ucranianos não parecem concordar. Porquê?

Temos que voltar a 24 de Março de 2021. Nesse dia, Volodymyr Zelensky promulgou um decreto para a reconquista da Crimeia e começou a enviar suas forças para o sul do país. Simultaneamente, foram realizados vários exercícios da NATO entre o Mar Negro e o Mar Báltico, acompanhados por um aumento significativo dos voos de reconhecimento ao longo da fronteira russa. A Rússia então realiza alguns exercícios para testar a prontidão operacional de suas tropas e mostrar que está a acompanhar a evolução da situação.

As coisas acalmam-se até Outubro-Novembro com o fim dos exercícios do ZAPAD 21 [2], cujos movimentos de tropas são interpretados como reforço para uma ofensiva contra a Ucrânia. No entanto, mesmo as autoridades ucranianas refutam a ideia de preparativos russos para uma guerra e Oleksiy Reznikov, ministro da Defesa ucraniano, declara que não houve mudanças na sua fronteira desde a primavera.

Violando os Acordos de Minsk, a Ucrânia está a realizar operações aéreas no Donbass usando drones, incluindo pelo menos um ataque contra um depósito de combustível em Donetsk em Outubro de 2021. A imprensa americana assinala isso, mas não os europeus, e ninguém condena estas violações.

Em Fevereiro de 2022, os eventos precipitam-se. Em 7 de Fevereiro, durante a sua visita a Moscovo, Emmanuel Macron reafirma a Vladimir Putin seu empenhamento nos Acordos de Minsk, compromisso que repetirá após a sua entrevista com Volodymyr Zelensky no dia seguinte. Mas em 11 de Fevereiro, em Berlim, após 9 horas de trabalho, a reunião dos conselheiros políticos dos líderes do “formato Normandia” termina sem nenhum resultado concreto: os ucranianos ainda e sempre recusam-se a aplicar os Acordos de Minsk, aparentemente sob pressão dos Estados Unidos. Vladimir Putin observa então que Macron lhe fez promessas vazias e que os Ocidentais não estão prontos para fazer cumprir os Acordos, como vêm fazendo há oito anos.

Os preparativos ucranianos na zona de contacto continuam. O Parlamento russo está alarmado e em 15 de Fevereiro pede a Vladimir Putin que reconheça a independência das repúblicas, o que ele recusa. Em 17 de Fevereiro, o presidente Joe Biden anuncia que a Rússia atacará a Ucrânia nos próximos dias. Como o sabe? Mistério… Mas desde o dia 16, o bombardeamento de artilharia das populações de Donbass aumentou dramaticamente, como mostram os relatórios diários dos observadores da OSCE. Naturalmente, nem os meios de comunicação, nem a União Europeia, nem a NATO, nem qualquer governo ocidental reage nem intervém. Diremos mais tarde que se trata de desinformação russa. De facto, parece que a União Europeia e alguns países deliberadamente encobriram o massacre do povo de Donbass, sabendo que isso provocaria a intervenção russa.

Ao mesmo tempo, há relatos de actos de sabotagem no Donbass. Em 18 de Janeiro, combatentes do Donbass interceptam sabotadores equipados com equipamentos ocidentais e que falavam polaco tentando criar incidentes químicos em Gorlivka. Eles poderiam ser mercenários da CIA, liderados ou “aconselhados” por americanos e compostos por combatentes ucranianos ou europeus, para realizar acções de sabotagem nas Repúblicas do Donbass.

De facto, já em 16 de Fevereiro, Joe Biden sabe que os ucranianos começaram a bombardear as populações civis do Donbass, colocando Vladimir Putin diante de uma escolha difícil: ajudar militarmente o Donbass e criar um problema internacional ou ficar de braços cruzados e assistir aos falantes russos do Donbass serem esmagados.

Se decidir intervir, Vladimir Putin pode invocar a obrigação internacional de “Responsabilidade de Proteger” (R2P). Mas ele sabe que qualquer que seja a sua natureza ou escala, a intervenção desencadeará uma chuva de sanções. Portanto, se a sua intervenção se limita ao Donbass ou se vai mais longe para pressionar o Ocidente pelo status da Ucrânia, o preço a ser pago será o mesmo. Isso é, aliás, o que ele explica no seu discurso em 21 de Fevereiro.

Nesse dia, atendeu ao pedido da Duma e reconheceu a independência das duas Repúblicas de Donbass e, nesse processo, assinou tratados de amizade e assistência com elas.

Os bombardeamentos de artilharia ucraniana sobre as populações de Donbass continuaram e, em 23 de Fevereiro, as duas repúblicas solicitaram ajuda militar da Rússia. No dia 24, Vladimir Putin invoca o artigo 51 da Carta das Nações Unidas que prevê a assistência militar mútua no âmbito de uma aliança defensiva.

Para tornar a intervenção russa totalmente ilegal aos olhos do público, ocultamos deliberadamente o facto de que a guerra realmente começou em 16 de Fevereiro. O exército ucraniano estava a preparar-se para atacar o Donbass já em 2021, como certos serviços de inteligência russos e europeus estavam bem cientes… Os advogados julgarão.

No seu discurso de 24 de Fevereiro, Vladimir Putin enunciou os dois objectivos da sua operação: “desmilitarizar” e “desnazificar” a Ucrânia. Não se trata, portanto, de apoderar-se da Ucrânia, nem mesmo, muito provavelmente, de ocupá-la e certamente não de destruí-la.

A partir daí, a nossa visibilidade sobre o andamento da operação é limitada: os russos têm uma excelente segurança de operações (OPSEC) e o detalhe do seu planeamento não é conhecido. Mas com bastante rapidez, o curso das operações permite entender como os objectivos estratégicos se traduziram no plano operacional.

– Desmilitarização: destruição terrestre da aviação ucraniana, sistemas de defesa aérea e meios de reconhecimento; neutralização das estruturas de comando e inteligência (C3I), bem como das principais rotas logísticas na profundidade do território; cerco do grosso do exército ucraniano concentrado no sudeste do país.

– Desnazificação: destruição ou neutralização de batalhões voluntários que operam nas cidades de Odessa, Kharkov e Mariupol, bem como em várias instalações do território.

“Desmilitarização”

A ofensiva russa desenrola-se de forma muito “clássica”. Num primeiro tempo – como os israelitas haviam feito em 1967 – com a destruição em solo das forças aéreas nas primeiras horas. Depois, assistimos a uma progressão simultânea em vários eixos segundo o princípio da “água que flui”: avança-se onde a resistência é fraca e deixa-se as cidades (muito vorazes em tropas) para mais tarde. Ao norte, a central de Chernobyl é ocupada imediatamente para evitar actos de sabotagem. As imagens de soldados ucranianos e russos guardando conjuntamente a fábrica naturalmente não são mostradas…

A ideia de que a Rússia tenta apoderar-se de Kiev, a capital, para eliminar Zelensky, vem tipicamente do Ocidente: foi o que eles fizeram no Afeganistão, Iraque, Líbia e o que eles queriam fazer na Síria com a ajuda do Estado Islâmico. Mas Vladimir Putin nunca teve a intenção de abater ou derrubar Zelensky. Pelo contrário, a Rússia procura mantê-lo no poder, empurrando-o para negociar cercando Kiev. Ele recusou-se até agora a aplicar os Acordos de Minsk, mas agora os russos querem obter a neutralidade da Ucrânia.

Muitos comentadores ocidentais manifestaram surpresa pelo facto de os russos continuarem a procurar uma solução negociada enquanto conduziam operações militares. A explicação está na concepção estratégica russa, desde os tempos soviéticos. Para os ocidentais, a guerra começa quando a política cessa. No entanto, a abordagem russa segue uma inspiração clausewitziana: a guerra é a continuidade da política e pode-se passar fluidamente de uma para outra, mesmo no decurso dos combates. Isso cria pressão sobre o adversário e empurra-o para negociar.

Do ponto de vista operacional, a ofensiva russa foi um exemplo desse tipo: em seis dias, os russos tomaram um território tão vasto quanto o Reino Unido, com uma velocidade de progressão maior do que a Wehrmacht fez em 1940.

O grosso do exército ucraniano foi implantado no sul do país para uma grande operação contra o Donbass. É por isso que as forças russas conseguiram cercá-lo desde o início de Março no “caldeirão” compreendido entre Slavyansk, Kramatorsk e Severodonetsk, por um impulso vindo do leste via Kharkov e outro vindo do sul, da Crimeia. As tropas das Repúblicas de Donetsk (DPR) e Lugansk (RPL) completam a acção das forças russas com um empurrão do lado Este.

Nesta fase, as forças russas estão lentamente a apertar o laço, mas já não estão sob a pressão do tempo. O seu objetivo de desmilitarização está praticamente alcançado e as forças residuais ucranianas já não têm uma estrutura de comando operacional e estratégico.

A “desaceleração” que os nossos “peritos” atribuem a uma má logística não é senão a consequência do cumprimento dos objectivos traçados. A Rússia parece não querer envolver-se numa ocupação de todo o território ucraniano. Na verdade, antes parece que a Rússia está a tentar limitar o seu avanço à fronteira linguística do país.

Os nossos meios de comunicação falam de bombardeamentos indiscriminados contra populações civis, particularmente em Kharkov, e são difundidas imagens dantescas repetidamente. No entanto, Gonzalo Lira, um latino-americano que mora lá, apresenta-nos uma cidade tranquila no dia 10 de Março e no dia 11 de Março. É certo que é uma cidade grande e não pode ver tudo, mas isso parece indicar que não estamos na guerra total que nos estão a servir continuamente nos nossos écrans.

Quanto às Repúblicas de Donbass, elas “libertaram” os seus próprios territórios e estão a combater na cidade de Mariupol.

“Desnazificação”

Em cidades como Kharkov, Mariupol e Odessa, a defesa é feita pelas milícias paramilitares. Elas sabem que o objectivo da “desnazificação” é dirigido principalmente a elas.

Para um atacante numa área urbanizada, os civis são um problema. É por isso que a Rússia procura criar corredores humanitários para esvaziar as cidades de civis e deixar apenas as milícias para combatê-las mais facilmente.

Inversamente, essas milícias procuram manter civis nas cidades para dissuadir o exército russo de vir aí lutar. É por isso que elas resistem a implementar esses corredores e fazem todo o possível para que os esforços russos sejam em vão: eles podem usar a população civil como “escudos humanos”. Os vídeos que mostram civis a tentarem deixar Mariupol e a serem espancados por combatentes do regimento Azov são naturalmente cuidadosamente censurados aqui.

No Facebook, o grupo Azov foi considerado na mesma categoria do Estado Islâmico e sujeito à “política de indivíduos e organizações perigosas” da plataforma. Foi, portanto, proibido glorificá-lo, e os comentários que lhe eram favoráveis foram sistematicamente proibidos. Mas em 24 de Fevereiro, o Facebook mudou a sua política e permitiu mensagens favoráveis à milícia. No mesmo espírito, em Março, a plataforma autoriza, nos ex-países do Leste, que se apele ao assassinato de militares e dirigentes russos. Eis os valores que inspiram os nossos dirigentes, como veremos.

Os nossos meios de comunicação propagam uma imagem romântica da resistência popular. É esta imagem que levou a União Europeia a financiar a distribuição de armas à população civil. É um ato criminoso. Nas minhas funções de chefe de doutrina para operações de manutenção da paz na ONU, trabalhei na questão da proteção de civis. Vimos então que a violência contra civis ocorreu em contextos muito específicos. Especialmente quando as armas são abundantes e não há estruturas de comando.

No entanto, essas estruturas de comando são a essência dos exércitos: a sua função é canalizar o uso da força de acordo com um objectivo. Ao armar os cidadãos de forma aleatória como é o caso actualmente, a UE transforma-os em combatentes, com as consequências decorrentes: alvos potenciais. Além disso, sem comando, sem objectivos operacionais, a distribuição de armas leva inevitavelmente a acertos de contas, ao banditismo e a acções mais mortíferas do que efectivas. A guerra torna-se uma questão de emoções. A força torna-se violência. Foi o que aconteceu em Tawarga (Líbia) de 11 a 13 de Agosto de 2011, onde 30.000 negros africanos foram massacrados com armas lançadas de paraquedas (ilegalmente) pela França. Além disso, o Instituto Real de Estudo Estratégico britânico (RUSI) não vê nenhum valor acrescentado nessas entregas de armas.

Além do mais, ao entregar armas a um país em guerra, expõe-se a ser considerado um beligerante. Os ataques russos em 13 de Março de 2022 contra a base aérea de Mykolaiv seguem os avisos russos de que o transporte de armas seria tratado como alvo hostil.

A UE repete a experiência desastrosa do Terceiro Reich nas últimas horas da Batalha de Berlim. A guerra deve ser deixada para os militares e quando um lado perde, deve ser admitida. E se deve haver resistência, ela deve imperativamente ser liderada e estruturada. No entanto, estamos a fazer exactamente o contrário: estamos a pressionar os cidadãos a lutar e, ao mesmo tempo, o Facebook permite apelos de assassinato de militares e dirigentes russos. Aqui estão os valores que nos inspiram.

Em alguns serviços de inteligência, essa decisão irresponsável é vista como uma forma de usar a população ucraniana como carne para canhão para combater a Rússia de Vladimir Putin. Esse tipo de decisão assassina deveria ser deixada para os colegas do avô de Ursula von der Leyen. Teria sido mais sensato entrar em negociações e assim obter garantias para as populações civis do que atirar lenha para a fogueira. É fácil ser combativo com o sangue dos outros…

Maternidade de Mariupol

É importante entender de antemão que não é o exército ucraniano que garante a defesa de Mariupol, mas sim a milícia Azov, formada por mercenários estrangeiros.

No seu resumo da situação de 7 de Março de 2022, a missão russa da ONU em Nova York afirma que “os moradores relatam que as forças armadas ucranianas expulsaram o pessoal do Hospital Natal nº 1 da cidade de Mariupol e instalaram um posto de tiro no interior do estabelecimento.

Em 8 de Março, o media independente russo Lenta.ru publicou o testemunho de civis de Mariupol que disseram que a maternidade foi tomada pelas milícias do regimento Azov e perseguiram os ocupantes civis, ameaçando-os com as suas armas. Confirmam assim as declarações do embaixador russo algumas horas antes.

O hospital Mariupol ocupa uma posição dominante, perfeitamente adequada para a instalação de armas antitanque e para observação. Em 9 de Março, as forças russas atingiram o prédio. Segundo a CNN, haveria 17 feridos, mas as imagens não mostram vítimas nas instalações e não há evidências de que as vítimas relatadas estejam relacionadas com este ataque. Fala-se de crianças, mas na realidade não vemos nada. Pode ser verdade, mas pode ser falso… O que não impede que os dirigentes da UE vejam isso como um crime de guerra… O que permite que Zelensky, logo depois, reivindique uma zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia…

Na realidade, não sabemos exactamente o que aconteceu. Mas a sequência de eventos tende a confirmar que as forças russas atingiram uma posição do regimento Azov e que a maternidade estava livre de todos os civis.

O problema é que as milícias paramilitares que garantem a defesa das cidades são incentivadas pela comunidade internacional a não respeitar os costumes da guerra. Parece que os ucranianos reencenaram o cenário da maternidade na cidade do Kuwait em 1990, que havia sido completamente encenado pela empresa Hill & Knowlton pelo valor de 10,7 milhões de dólares para convencer o Conselho de Segurança das Nações Unidas a intervir no Iraque para a Operação Tempestade do Deserto.

Os políticos ocidentais também aceitaram ataques contra civis em Donbass durante oito anos, sem adoptarem nenhuma sanção contra o governo ucraniano. Há muito que entrámos numa dinâmica em que os políticos ocidentais concordaram em sacrificar o direito internacional ao seu objectivo de enfraquecer a Rússia.

TERCEIRA PARTE: CONCLUSÕES

Como ex-profissional de inteligência, a primeira coisa que me impressiona é a total ausência dos serviços de inteligência ocidentais em representar a situação durante o último um ano. Na Suíça, os serviços foram criticados por não terem fornecido uma imagem correcta da situação. Na verdade, parece que em todo o mundo ocidental, os serviços foram inundados pelos políticos. O problema é que são os políticos que decidem: o melhor serviço de inteligência do mundo é inútil se o decisor não o ouvir. Foi o que aconteceu durante esta crise.

Dito isto, enquanto alguns serviços de inteligência tinham uma imagem muito precisa e racional da situação, outros claramente tinham a mesma imagem propagada pelos nossos meios de comunicação. Nesta crise, os serviços dos países da “nova Europa” desempenharam um papel importante. O problema é que, por experiência, descobri que eram extremamente maus no plano analítico: doutrinários, não têm a independência intelectual e política necessária para apreciar uma situação com uma “qualidade” militar. É melhor tê-los como inimigos do que como amigos.

Além disso, parece que em alguns países europeus, os políticos ignoraram deliberadamente os seus serviços para responderem de forma ideológica à situação. É por isso que esta crise foi irracional desde o início. Poderá observar-se que todos os documentos que foram apresentados ao público durante esta crise foram apresentados por políticos com base em fontes comerciais…

Alguns políticos ocidentais obviamente queriam que houvesse um conflito. Nos Estados Unidos, os cenários de ataque apresentados por Anthony Blinken ao Conselho de Segurança foram apenas fruto da imaginação de um Tiger Team que trabalhava para ele: ele fez exactamente como Donald Rumsfeld em 2002, que assim “contornou” a CIA e outros serviços de inteligência que foram muito menos assertivos sobre as armas químicas iraquianas.

Os dramáticos desenvolvimentos a que assistimos hoje têm causas que conhecíamos, mas que nos recusámos a ver: – no plano estratégico, a expansão da OTAN (que não tratamos aqui); – no plano político, a recusa ocidental de implementar os Acordos de Minsk; – e no nível operacional, os ataques contínuos e repetidos às populações civis de Donbass durante anos e o aumento dramático no final de Fevereiro de 2022.

Por outras palavras, podemos naturalmente deplorar e condenar o ataque russo. Mas NÓS (isto é: Estados Unidos, França e União Europeia à cabeça) criámos as condições para a eclosão de um conflito. Mostramos compaixão pelo povo ucraniano e pelos dois milhões de refugiados. Está bem. Mas se tivéssemos tido um mínimo de compaixão pelo mesmo número de refugiados das populações ucranianas de Donbass massacradas pelo seu próprio governo e que se acumulam na Rússia há oito anos, nada disso provavelmente teria acontecido.

Que o termo “genocídio” se aplique aos abusos sofridos pelas populações de Donbass é uma questão em aberto. Este termo é geralmente reservado para casos maiores (Holocausto, etc.); no entanto, a definição dada pela Convenção do Genocídio é provavelmente suficientemente ampla para ser aí aplicada. Os advogados agradecerão.

Claramente, este conflito levou-nos à histeria. As sanções parecem ter-se tornado a ferramenta preferida da nossa política externa. Se tivéssemos insistido para que a Ucrânia respeitasse os Acordos de Minsk, que negociámos e caucionámos, nada disto teria acontecido. A condenação de Vladimir Putin é também a nossa. Não adianta reclamar depois do facto, era necessário ter agido antes. No entanto, nem Emmanuel Macron (como garante e membro do Conselho de Segurança da ONU), nem Olaf Scholz, nem Volodymyr Zelensky respeitaram os seus compromissos. Em última análise, a verdadeira derrota é a daqueles que não têm voz.

A União Europeia foi incapaz de promover a implementação dos acordos de Minsk, pelo contrário, não reagiu quando a Ucrânia bombardeou a sua própria população no Donbass. Se ela tivesse feito isso, Vladimir Putin não precisaria reagir. Ausente da fase diplomática, a UE distinguiu-se por alimentar o conflito. Em 27 de Fevereiro, o governo ucraniano concorda em iniciar negociações com a Rússia. Mas algumas horas depois, a União Europeia votou um orçamento de 450 milhões de euros para fornecer armas à Ucrânia, colocando gasolina no fogo. A partir daí, os ucranianos sentem que não precisarão de chegar a um acordo. A resistência das milícias Azov em Mariupol provocará até um aumento de 500 milhões de euros para armas.

Na Ucrânia, com a bênção dos países ocidentais, são eliminados aqueles que são a favor da negociação. É o caso de Denis Kireyev, um dos negociadores ucranianos, assassinado em 5 de Março pelo serviço secreto ucraniano (SBU) por ser muito favorável à Rússia e considerado um traidor. O mesmo destino está reservado para Dmitry Demyanenko, ex-vice-chefe da direção principal do SBU para Kiev e sua região, assassinado em 10 de Março, porque muito favorável a um acordo com a Rússia: foi morto pela milícia Mirotvorets (“Pacificador”). Esta milícia está associada ao site Mirotvorets que lista os “inimigos da Ucrânia”, com os seus dados pessoais, o seu endereço e números de telefone, para que possam ser perseguidos, até mesmo eliminados; uma prática punível em muitos países, mas não na Ucrânia. A ONU e alguns países europeus exigiram o seu encerramento… o que foi recusado pela Rada [parlamento ucraniano].

Finalmente, o preço será alto, mas Vladimir Putin provavelmente alcançará as metas que estabeleceu para si mesmo. Os seus laços com Pequim solidificaram-se. A China surge como mediadora do conflito, enquanto a Suíça entra na lista dos inimigos da Rússia. Os americanos devem pedir petróleo à Venezuela e ao Irão para saírem do impasse energético em que se meteram: Juan Guaidó sai de cena definitivamente e os Estados Unidos devem lamentavelmente reverter as sanções impostas aos seus inimigos.

Os ministros ocidentais que procuram afundar a economia russa e fazer o povo russo sofrer, inclusive pedindo o assassinato de Putin, mostram (mesmo que tenham alterado parcialmente a forma das suas observações, mas não no fundo!) que os nossos líderes não são melhores do que aqueles que odiamos. Porque sancionar atletas russos dos Jogos Para Olímpicos ou artistas russos não tem absolutamente nada a ver com uma luta contra Putin.

Assim, portanto, reconhecemos que a Rússia é uma democracia, pois consideramos que o povo russo é o responsável pela guerra. Se não, então por que estamos a tentar punir uma população inteira pela culpa de um? Lembre-se que a punição coletiva é proibida pelas Convenções de Genebra…

A lição a ser tirada deste conflito é o nosso senso de humanidade de geometria variável. Se estávamos tão apegados à paz e à Ucrânia, por que não a encorajámos mais a respeitar os acordos que ela assinou e que os membros do Conselho de Segurança aprovaram?

A integridade dos meios de comunicação é medida pela sua vontade de trabalhar nos termos da Carta de Munique. Eles conseguiram propagar o ódio aos chineses durante a crise do Covid e a sua mensagem polarizada leva aos mesmos efeitos contra os russos. O jornalismo está a despojar-se cada vez mais do profissionalismo para se tornar militante…

Como disse Goethe: “Quanto maior a luz, mais escura a sombra”. Quanto mais as sanções contra a Rússia são excessivas, mais os casos em que não fizemos nada destacam o nosso racismo e o nosso servilismo. Porque nenhum político ocidental reagiu aos ataques contra as populações civis de Donbass durante oito anos?

Afinal, o que torna o conflito na Ucrânia mais censurável do que a guerra no Iraque, no Afeganistão ou na Líbia? Que sanções adoptámos contra aqueles que deliberadamente mentiram perante a comunidade internacional para travar guerras injustas, injustificadas, injustificáveis e assassinas? Tentámos “fazer sofrer” o povo americano que mentiu para nós (porque é uma democracia!) antes da guerra no Iraque? Será que adoptámos uma única sanção contra os países, empresas ou políticos que alimentam o conflito no Iémen, considerado o “pior desastre humanitário do mundo”? Sancionamos os países da União Europeia que praticam a tortura mais abjecta no seu território em benefício dos Estados Unidos?

Fazer a pergunta é respondê-la… e a resposta não é gloriosa.

Jacques Baud

Fonte: MPI

Notas

[1] N.T. Também conhecido como Quarteto Normandia, o formato Normandia é um grupo diplomático composto por representantes de alto nível de 4 países europeus (Alemanha, Rússia, Ucrânia e França) para resolver o conflito bélico no Leste da Ucrânia (para mais ver wikipedia aqui).

[2] N.T. Exercício conjunto estratégico das forças armadas russas.


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