domingo, 8 de agosto de 2021

Facetas do racismo em Português Suave. Em relação ao Pichardo é por não ser cá nascido e, eventualmente, ser preto; em relação aos ciganos, cá nascidos há gerações, mais escuros, é sobretudo por persistirem em ser diferentes.


Os argumentos que fundamentam o racismo em Português Suave são tão frágeis que deveriam envergonhar os racistas que os manifestam. Desta horda não escapam até aqueles que os encobrem com a invocação de que os feitos dos homens são obras dos países onde nasceram e os formaram, que seriam sempre os seus e não os que eles acabam por adoptar, pretendendo assim realçar supostos méritos de diferentes regimes económicos e políticos, manifestação do mais simples fanatismo ideológico. Tudo fruto de medos e de receios infundados da diferença e da diversidade, que preferem afastar com o ilusório conforto da segregação ou do esconjuro pela exposição de reluzentos sapos de loiça.


quarta-feira, 4 de agosto de 2021

Começou a nova ordenha para encher a pança da burguesia dependente portuguesa. Chegou o primeiro depósito, prepara-se o enchimento dos biberões, em parte já atribuídos.


Não há maneira da burguesia dependente portuguesa perder o seu carácter parasitário. Sem capital, sem iniciativa e sem autonomia de há muito se habituou a ir mamando das diversas tetas que lhe foram aparecendo de Impérios efémeros (do da Índia das especiarias ao do Brasil do ouro e do açúcar até ao da África do trabalho compulsivo nas roças e dos diamantes), esbanjando em consumos ostentatórios ou acumulando em riquezas sumptuárias. Perdido o extenso Império colonial que não soube explorar, confinada de novo à teta do parasitismo do aparelho do Estado pelos negócios de favor e pela protecção aduaneira, restava-lhe encontrar outra teta de onde mamar para manter a tradicional opulência provinciana. Vislumbrou-a na adesão à CEE/União Europeia e nas ajudas de preparação e nos fundos de desenvolvimento estrutural que daí começaram a jorrar desde 1985/86, que em muitos casos nem teve capacidade para aproveitar em pleno e cujo resultado é conhecido.

Não é forma de estar no negócio a longo prazo, porque tarde ou cedo tais fontes se esgotam. É mais rentável e seguro explorar quem trabalha, alternativa em permanente reprodução. Para isso faltam-lhe engenho e arte, capacidades de investimento, de inovação e de gestão, e a pequena competitividade que consegue num mercado ampliado é na base da precariedade, dos salários baixos e de subterfúgios para torná-los ainda mais baixos, para o que tem contado com a prestimosa ajuda dos sindicatos, uns amarelos que criou e outros de rosa desbotado controlados por um partido dito comunista e defensor dos interesses dos trabalhadores, do povo e do país, todos ao serviço duma sua putativa “economia nacional”. A indigência da burgueia dependente portuguesa está uma vez mais bem à vista com a corrida à nova enxurrada de fundos oriundos da UE. É uma mala-pata que nos calhou e que persiste em não nos abandonar. Um fado português que apenas vai mudando de versos e de cantadores.