terça-feira, 17 de maio de 2022

O “resgate dos nossos heróis”, as milícias neo-nazistas encurraladas em Azovstal


Segundo foi noticiado ontem, ao início da noite, as forças ucranianas que permanecem na siderurgia Azovstal chegaram na parte da manhã a um acordo com as forças separatistas pró-russas de Donetsk e as forças da Federação Russa para a evacuação de feridos e de outros combatentes. Para o efeito, dez soldados ucranianos saíram com bandeiras brancas de um dos buracos abertos pelos bombardeamentos daquelas instalações. Segundo fontes russas no terreno, o número de membros das forças ucranianas cercadas na siderurgia é de 2.227, dos quais se renderam agora 265 (51 feridos, 20 dos quais incapazes de andarem, e outros 214).

Embora este acto possa estar inserido, eventualmente, em conversações e negociações mais gerais para a troca de prisioneiros de ambos os lados em conflito, o acordo foi concretizado sem a participação directa do governo nem do exército ucraniano, embora seja apresentado como “em cumprimento de ordens superiores”. Pelo que dizem o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky e a vice-primeira-ministra Iryna Vereshchuk nas suas homilias de propagada, o acordo é atribuído à acção conjunta dos serviços secretos, do exército, da guarda nacional, das forças da defesa territorial e da defesa de fronteiras (glória à Ucrânia!). Para não afectarem o moral das tropas, estes farsantes nem falam em rendição “dos nossos rapazes, dos nossos heróis”.

O ridículo propagandístico é tal que nas suas comunicações aqueles governantes não mencionaram que os combatentes foram "evacuados" pelas forças ucranianas separatistas pró-russas e pelas forças da Federação Russa que montavam o cerco à siderurgia Azovstal, tendo sido levados para o hospital de Novoazovsk e para a colónia penal da cidade de Olenivka, na região de Donetsk, localidades por elas controladas, onde os feridos irão ser tratados e os restantes combatentes irão ser interrogados, confinados e detidos. Até para informar o seu povo, o que prevalece é a mentira do espectáculo propagandístico montado sem escrúpulos pela produtora do farsante presidente.

A maioria dos membros das milícias Azov é muito jovem, sem qualquer profissão civil, que não sabe fazer nada sem armas na mão, pois alistou-se aos 16 ou 17 anos. Em entrevista, o fundador e primeiro comandante do batalhão Azov, Andriy Biletsky, reconheceu que “é uma unidade treinada por instrutores da NATO permanentemente desde há oito anos” e que “alguns deles ainda eram crianças em idade escolar em 2014... e um número significativo são nacionalistas ucranianos ideológicos”, o eufemismo usado para designar a ideologia neo-nazi que professam. Ainda segundo ele, a ONU recusou-se a evacuar estes combatentes, alegando que ia contra a sua política cuidar de combatentes feridos: "eles são soldados, então têm duas opções: ou se rendem ou morrem”.

Dos combatentes que se renderam nem todos pertencerão ao batalhão Azov, pelo que se vê pelo semblante de homens maduros de um ou outro. Alguns serão militares do exército e da guarda nacional ucranianos e outros serão mercenários estrangeiros e membros de grupos de voluntários de extrema-direita, todos adstritos à defesa de Mariupol e que foram sendo encurralados na siderurgia pelas forças separatistas pró-russas de Donetsk e da Federação Russa, mantendo em seu poder, como escudos, centenas de civis (muitos deles mulheres e crianças, alguns seus familiares, que foram entretanto evacuados pelos sitiadores sob o patrocínio da ONU e que andaram em campanha a fazer apelos internacionais para a sua libertação e salvação). São o reflexo da Ucrânia enquanto Estado falhado, já antes da guerra o país mais pobre e corrupto da Europa, e do infame papel que o regime ucraniano se prestou a desempenhar ao serviço dos EUA.

“Para salvar vidas, toda a guarnição de Mariupol cumpriu a ordem aprovada pelo comando militar e aguarda o apoio do povo ucraniano”, disse o Batalhão Azov numa mensagem publicada nas redes sociais. Nessa mensagem é também afirmado que durante 82 dias “os defensores de Mariupol cumpriram ordens, apesar das dificuldades, repeliram as forças avassaladoras do inimigo e permitiram que o exército ucraniano se reagrupasse, treinasse mais pessoal e recebesse um grande número de armas dos países parceiros”. Não admira, portanto, o desespero com que combateram, usando habitações como refúgio e postos de combate e civis como escudos humanos, contribuindo para a destruição da cidade, numa guerra híbrida em que para eles e o farsante presidente vale tudo.

Segundo uma declaração do comandante destas forças, que não as acompanhou, a “evacuação” terá sido determinada superiormente e executada em cumprimento das ordens recebidas, num acto que seria sem grande dignidade se tais combatentes fossem verdadeiros militares, pois que em simultâneo estaria sendo preparado um plano B, sobre o qual nada adiantou. Exemplo da falta de dignidade e da irregularidade destas forças é o facto de as que se apresentaram para rendição serem apenas a “arraia-miúda”, a “carne para canhão”, não acompanhada dos respectivos comandantes, os quais procuram ganhar tempo para que a sua rendição e a dos mercenários mais experientes e dos oficiais superiores estrangeiros que verdadeiramente as comandavam seja negociada.

Esperemos para ver o que se esconderá nas caves das vastíssimas instalações do complexo siderúrgico de Azovstal e que tem sido tão bem guardado e defendido, qual o plano B que se segue e que manobras de evasão, ou de martírio, estarão preparando tão desqualificados “heróis”, genuínos representantes do regime fascista ucraniano. E esperemos também para ver como qualificarão as forças russas uma tal ralé neo-nazi.


ADENDA (2022.05.18)

A representante do Ministério do Negócios Estrangeiros da Rússia, Maria Zakharova, acusou o presidente Zelensky de mentir. Apresentar “a saída de pessoas (de Azovstal), que a Rússia vem oferecendo há várias semanas, como sendo uma sua operação humanitária é mostrar ao mundo inteiro como eles aprenderam a mentir nos últimos anos sob a liderança principalmente de especialistas americanos e da NATO em geral”, disse a representante em entrevista em 18 de Maio. Zakharova destacou ainda que a Rússia se ofereceu para realizar a operação de retirada dos militantes Azov do território de Azovstal no mesmo formato desde Abril e anunciou corredores humanitários diariamente.

A este propósito, não deixa de ser interessante o discurso desconexo e inflamado de uma das anafadas falcoas, talvez a mais agressiva das “analistas” televisivas, que dá pelo nome de Helena Ferro Gouveia, que hoje na TVI, frente ao Major-General Agostinho Costa, entre outras pérolas negava que se tratasse de uma rendição, ao mesmo tempo que reclamava o tratamento de prisioneiros de guerra para os “evacuados”, pondo em dúvida que a Rússia assim os tratasse; tal como refutava o carácter neo-nazi do “batalhão Azov” (que terá sido, mas desde que foi integrado nas forças regulares ucranianas deixou de ser! Eventualmente, por ter sido submetido a medidas de reeducação política, que por muito fortes não conseguiram apagar as tatuagens da rapaziada, ou por terem repartido a sua asquerosa ideologia com novos companheiros, "digo eu de que...").

Esta artista não é caso único, tem mais duas ou três parceiras, de quem parece nem se dar ao trabalho de pensar e mais não faz do que repetir a propaganda dos EUA e da Grã-Bretanha (neste caso, postada diariamente pela secção dos serviços secretos especializada em desinformação, os quais passaram a ter por missão também manipular a opinião pública do seu país e do mundo). E até o falinhas mansas António José Telo, outro dos falcões e abalizados “analistas” que se têm empenhado na central americana de propaganda e de manipulação de massas CNN-Portugal, na SIC e na Rádio Observador na defesa do “ocidente” ou do “mundo livre” contra a Rússia, na véspera já havia afirmado que não se tratava de uma rendição, mas de uma operação concertada de troca de prisioneiros, uma vitória dos ucranianos... Quando a realidade os contradiz, os trastes ficam desvairados.


ADENDA II (2022.05.19)

Entretanto, foi noticiado hoje que mais combatentes cercados em Azovstal se renderam (sem condições). Desde 16 de Maio já se terão rendido 1730 combatentes (entre eles 80 feridos). Também hoje, os militares russos confirmaram que os representantes do Comité Internacional da Cruz Vermelha e do grupo de negociação ucraniano foram autorizados a visitar os combatentes ucranianos rendidos e avaliar as condições da sua detenção. A delegação chegou em 18 de Maio, dois dias após a rendição do primeiro grupo de Azovstal. A evacuação foi liderada pela Direcção Principal de Inteligência do Estado-Maior da Federação Russa.

Respigo para aqui, colhido na net, o comunicado do outro lado:

”Em 18 de Maio, um importante evento foi realizado como parte da retirada da guarnição de Azovstal. Representantes do Comité Internacional da Cruz Vermelha e do grupo negociador ucraniano avaliaram as condições de detenção de prisioneiros de guerra ucranianos em instituições médicas da RPD e num campo especialmente equipado, organizado pelo Serviço Penitenciário Federal da Federação Russa. O lado ucraniano foi representado pelo Deputado do Povo da 9ª convocação da Verkhovna Rada, Alexander Ivanovich Kovalev, que chegou de Kiev.

No início, a delegação visitou o 15.º hospital da cidade de Donetsk, que abrigava prisioneiros de guerra gravemente feridos que tinham sido retirados de Azovstal dias antes. Ninguém escondeu nada dos convidados. Representantes do lado ucraniano e da Cruz Vermelha visitaram as enfermarias onde os feridos estavam alojados e tiveram a oportunidade de falar com eles.

– Está tudo bem, disse um soldado ucraniano.

Depois de visitar o hospital, a delegação foi para um acampamento para militares ucranianos que tinham preservado a saúde, organizado em Yelenovka de acordo com todos os requisitos da Convenção de Genebra sobre o Tratamento dos Prisioneiros de Guerra.

A vice-primeira-ministra da Ucrânia, Irina Vereshchuk, tinha proposto anteriormente que a colocação dos rendidos fosse na cidade de Energodar, na região de Zaporozhye, que está sob o controle da Rússia. A proposta foi recusada por uma série de razões objectivas, principalmente relacionadas com a segurança.

Tudo foi organizado oficialmente — aprovações, chamadas, uma breve alocução do chefe da instituição e verificação de documentos — e aconteceu de acordo com um plano pré-aprovado.

Comunicação com o contingente:

– Repito, seu objectivo é sobreviver. Seus entes queridos estão esperando por você em casa.

Inspecção de locais de detenção:

Os negociadores ucranianos estavam convencidos do cumprimento por parte da Rússia dos acordos alcançados durante as negociações. Eles prestaram atenção à ausência de grades nas janelas das instalações residenciais.

– Alexander Ivanovich, como avalia o que viu?

– Se levarmos em conta que são condições de primeira linha, que só passou um dia, então tudo foi feito rapidamente, sei que foi feito à noite. É melhor que sejam as próprias pessoas a dizer, e elas dizem que não têm queixas.

A delegação visitou os alojamentos de homens e mulheres. Eles conversaram, garantiram que ninguém torturava os prisioneiros, que ninguém zombava deles. Eles são alimentados, tratados e fornecidos com tudo o que precisam.

– Como avalia os resultados desta inspecção conjunta com a Cruz Vermelha?

– Eu acho que a Cruz Vermelha irá comentar sobre isso. Eu sei como esta missão foi feita. Foi muito difícil. Houve muito esforço de todos os lados para chegar a um acordo. Sei que durante o dia foi entregue aqui tudo o que era necessário: acessórios para dormir, tudo para receber as pessoas em condições normais. Pelo que vimos hoje, obviamente, tudo o que foi prometido foi feito. Atenção especial deve ser dada ao fato de os médicos terem trabalhado muito na reabilitação de nossos feridos durante o dia.

A operação bem-sucedida ocorreu graças à Direcção Principal de Inteligência do Estado-Maior da Federação Russa, e foi conduzida por militares russos. A libertação de prisioneiros de guerra em Azovstal continuará em 19 de Maio, o que significa que a visita da delegação foi concluída com sucesso.”


ADENDA III (2022.05.20)

Ao início desta madrugada, foi confrangedor constatar a ignorância de um dos rapazolas da CNN-Portugal (de quem não fixei o nome, nem isso importa) quando questionava o Major-General Carlos Branco, o qual teve a pachorra de lhe dar uma pequena lição sobre as causas próximas da guerra da Rússia contra a Ucrânia e sobre os seus efeitos (no caso, sobre um imaginado bloqueio dos portos do Mar Negro, cujas águas foram minadas pelas forças ucranianas, que impediria a saída em segurança dos navios graneleiros de cereais e de oleaginosas, mesmo que as causas possam ser múltiplas, por exemplo, o aumento dos preços dos fretes e dos seguros, visto tratar-se duma zona de guerra).

Ele nem é dos mais agressivos, e presumo que seja um dos muitos estagiários inexperientes e mal pagos de que a central de propaganda e de manipulação de massas se aproveita para cumprir o seu papel. Isso não justifica tudo, porque quando é necessário fazer perguntas que não constam do guião e dar seguimento à conversa é imperativo dominar os assuntos, nem que seja ao de leve. É mais um exemplo da grande falta de cultura da rapaziada que se pretende afirmar como jornalista. Sem verdadeiros jornalistas isentos e cultos na redacção que a ajude, o resultado não poderia ser muito diferente.


quinta-feira, 12 de maio de 2022

NATO, essa “aliança militar defensiva”


Segundo noticiado, a Finlândia (país neutro desde há 75 anos) e a Suécia (com uma tradição de neutralidade de dois séculos) preparam-se para aprovar os seus pedidos de integração na NATO. Pela narrativa “ocidental” ou do “mundo livre”, uma “aliança militar defensiva” que alberga os EUA, a Grã-Bretanha e os países europeus continentais mais desenvolvidos economicamente e militarmente melhor equipados prepara-se assim para passar dos actuais 30 membros para 32 e para se estender ao longo de toda a fronteira ocidental da Rússia, aumentando a capacidade de bloquear os movimentos da sua frota no Mar Báltico e no Mar Negro.

Esta decisão, que vem sendo ponderada desde o início da invasão da Ucrânia pela Rússia, é tomada numa altura em que a Rússia, por debilidades várias, atravessa dificuldades de progressão no terreno na sua aventura militar, mas é fundamentada no aumento do risco para a segurança daqueles países que a Rússia terá passado a representar desde então. É estranho que um país económica e militarmente debilitado, como é o caso da Rússia, passe a constituir uma ameaça maior agora do que dantes, mas é esta a narrativa fantasiosa que está sendo usada pelos medíocres políticos que governam os países europeus para justificarem a política guerreira em que envolvem os seus povos, no imediato, entre outras coisas, para obterem ganhos nas disputas eleitorais em que alguns estarão envolvidos ainda este ano.

Outra narrativa fantasiosa propalada continuamente é a de que a NATO seria uma aliança militar “defensiva”, o que contraria todos os factos e evidências. Desde a sua criação, em 1949, a NATO tem como objectivo a guerra contra a Rússia (até 1991, contra a URSS), e em diversas ocasiões traçou planos operacionais e realizou manobras para concretizá-la. Nunca a NATO interveio como aliança militar na defesa de qualquer dos países membros, porque eles não foram ameaçados nem, muito menos, atacados pelo seu inimigo (embora a Turquia tenha sido atacada por outros seus inimigos). Ao invés, as suas intervenções foram sempre ofensivas, contra países que os EUA designaram como seus inimigos e sem que tenham sido por eles atacados.

Os exemplos mais recentes do carácter da NATO como aliança militar ofensiva ao serviço dos interesses dos EUA foram a participação nas guerras de agressão que a potência imperialista dominante perpetrou contra a Sérvia, em 1999, para concretizar a secessão do Kosovo, contra o Iraque, em 2003, com base na patranha de que este país possuía armas de destruição massiva e que ameaçava os seus interesses, e contra a Líbia, em 2011. Ao contrário do que é cinicamente difundido, a NATO foi sempre um instrumento militar da política agressiva dos EUA contra a Rússia (e também contra outros países, ao sabor dos interesses dos EUA), e ainda hoje os seus objectivos são fundamentalmente os que o seu primeiro secretário-geral, Lord Ismay, disse cruamente uma vez: “manter os americanos dentro (da Europa), os russos fora e os alemães na mó de baixo”.

O argumento mais utilizado para fundamentar o carácter “defensivo” da NATO é o famoso artigo 5.º do tratado, que estipula que a aliança só actuará em caso de agressão a qualquer dos países membros. Esta é mais uma das falácias que os EUA propalam e que os media engajados vendem para consolar mentes infantis. Se um qualquer país membro desencadear uma agressão armada contra a Rússia e esta retaliar, em legítima defesa, conforme a Carta da ONU, o citado artigo 5.º justificaria a entrada da NATO em guerra contra a Rússia. Era o papel que estava destinado para a Ucrânia se a sua admissão não tivesse sido bloqueada em 2008. A contrariedade não impediu que ela, mesmo fora da aliança, fosse usada como agente provocador. E é também o papel que a Polónia repetidamente se tem oferecido para desempenhar intervindo abertamente na Ucrânia, que por tão evidente tem sido rejeitado.

A adesão da Finlândia e da Suécia nesta altura, quando um dos argumentos invocados pela Rússia para a sua aventura militar na Ucrânia foi precisamente a ameaça à sua segurança pelo prometido alargamento da NATO a este país, visará a necessidade de aumento da segurança dos novos candidatos ou estará integrada no objectivo de “enfraquecer a Rússia” já proclamado pelos EUA, a potência imperialista dominante que a dirige? Doravante, se a Finlândia, com uma extensa fronteira comum e com forças armadas numerosas e bem equipadas, aceder à instalação no seu território de bases permanentes da NATO ou dos EUA, poderá passar a constituir uma verdadeira ameaça para a segurança da Rússia, a que ela, em função da evolução da situação e dentro do que lhe for possível, não deixará de ter de responder.

Esperemos pela narrativa que os “avançados mentais” de direita e de extrema-direita “avençados” e engajados na despudorada campanha de manipulação de massas que por aí vai, desta vez de olhos reluzentes de contentamento, nos tentem impingir para desvendar o fenómeno, tratando-nos como “atrasados mentais”.


ADENDA (2022.05.16)

Não foi necessário esperar muito pelas justificações dos falcões e das anafadas falcoas que rejubilam com a “criação de uma nova ordem mundial” pelo fortalecimento da NATO. Mesmo que na sua retorcida argumentação metam os pés pelas mãos — porque enquanto afirmam, nos seus inflamados prognósticos antes do fim do jogo, que a Rússia está derrotada na Ucrânia, por não ter conseguido atingir nenhum dos seus objectivos, justificam o alargamento da NATO pela ameaça que ela, mesmo enfraquecida, passou a representar para a Finlândia e a Suécia — os estrategas de sofá e grandes investigadores e cientistas da geopolítica mais sofisticada, que povoam as cátedras universitárias e aparecem todos os dias nos ecrãs televisivos a emprestarem um ar de “seriedade” à campanha de manipulação de massas que por aí vai, não escondem o seu contentamento.

Como os oceanos não têm fronteiras, não tardará muito a NATO alargará o seu âmbito ao mundo inteiro, do Atlântico ao Índico e ao Pacífico, ou para esse efeito estabelecerá associações com as outras alianças militares dos EUA na região (a QUAD, englobando a Austrália, a Índia e o Japão, e a recém-formada AUKUS, integrada pela Austrália e o Reino Unido), sempre como “aliança militar defensiva”, no caso, para proteger a potência imperialista dominante do perigo que a China representa para o seu domínio. Embora a próxima cimeira de Junho, em Madrid, esteja prevista ser dedicada essencialmente à admissão dos novos membros, mesmo assim dela poderá sair uma qualquer indicação sobre estes objectivos dos EUA. Então, os “avançados mentais” entrarão em êxtase, tratando-nos como “atrasados mentais”.


terça-feira, 10 de maio de 2022

Manobras dos fuzileiros navais dos EUA no Mar Negro são exercícios de rotina, para a tropa de prontidão não perder a “forma”


Os exercícios de ataque anfíbio a navios de guerra, que se desenrolam ao largo da costa da Roménia, assim como o ataque às forças russas que ocupam o famoso ilhéu das Serpentes poderão não passar de manobras de distracção, mas curiosamente ocorrem enquanto milhões de toneladas de cereais e de oleaginosas se encontram retidos nos silos do porto de Odessa e são lançados repetidos apelos “à comunidade Internacional” para criar as condições de segurança necessárias para o seu escoamento.

E os “avançados mentais” de direita e de extrema-direita “avençados” e engajados na despudorada campanha de manipulação de massas que por aí vai, cegos pela raiva, calam mais estes factos e continuam a vomitar atoardas de louvaminha da NATO como “aliança militar defensiva” (que nunca foi) do “ocidente” e do “mundo livre”, dirigida pela potência imperialista dominante e usada na provocação à Rússia que espoletou a guerra por procuração que contra ela trava na Ucrânia, tratando-nos como “atrasados mentais”.